A nova batalha de Maradona: quer deserdar suas filhas
Dalma e Giannina dizem temer pela saúde do astro argentino e responsabilizam sua atual companheira pelo estado atual dele. O eterno 10 responde com a ameaça de doar sua fortuna
Diego Armando Maradona tem tatuados nos antebraços os nomes de suas duas primeiras filhas, Dalma e Giannina. Quando estava no auge como jogador de futebol, o astro argentino costumava dizer que as duas meninas, fruto de seu casamento de 14 anos com Claudia Villafañe, eram a razão para que continuasse nos gramados. Vendo-o refém dos vícios, mais de uma vez à beira da morte, Dalma e Giannina sempre estiveram lá para sustentar esse pai que desmanchava sob o peso da fama. Mas algo se rompeu. As meninas cresceram — hoje têm 31 e 29 anos, respectivamente —, Claudia virou ex-esposa de Maradona, e este não deixou de flertar com os escândalos. O último: a ameaça de deserdar as duas filhas.
Tudo começou em 31 de outubro, quando Maradona completou 59 anos. O ex-jogador, hoje técnico do time Gimnasia y Esgrima, de La Prata, comemorou em casa com sua atual companheira, Rocío Oliva, alguns amigos e Giannina. A cena que a filha viu naquela festa a assustou: sentado na cabeceira da mesa, Maradona tomava cerveja enquanto parecia ausente, meio adormecido. E decidiu denunciar a situação nas redes sociais. “Estão matando-o por dentro sem que ele perceba”, disse no Instagram a seu meio milhão de seguidores. Para completar o quadro, contou que seu pai lhe lembrou aquele “zoológico onde você podia tirar fotos com um leão gigante”. “Ele havia sido dopado, porque não é impossível domar a fera. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Rezem por ele”, pediu Giannina.
Cutucar a fera tem consequências. Maradona guardou uns dias de reflexão e depois disparou com munição pesada a partir da sua própria conta no Instagram. Em um vídeo caseiro, o eterno camisa 10 argentino assegurou que estava muito saudável, que dormia “placidamente” porque estava cansado, e que havia decidido dilapidar em doações a herança que deixaria a suas duas filhas. “Eu sei que agora, quando a gente vai envelhecendo, [as filhas] se preocupam mais com o que você deixa do que com o que você está fazendo. A única coisa que digo a todos é que não vou lhes deixar nada. Tudo o que juntei na minha vida eu vou doar”, acrescenta o ex-jogador no seu vídeo.
As desavenças entre pai e filhas não tardou a virar uma briga familiar mais ampla. Rocío Oliva, a quem as irmãs Maradona acusam de não cuidar de Diego, disse que se as filhas temem pela saúde de seu pai “levem o assunto a sério e fiquem com ele todos os dias”. Também entrou na disputa Claudia Villafañe, em litígio com Maradona por uma coleção de camisas de futebol que o jogador reivindica. “Assim como você tem colhões para subir um vídeo seu no Instagram falando da nossa filha, espero que tenha para se apresentar no tribunal”, disse-lhe a mulher.
A novela acaba de começar, mas não se sabe ao certo quanto está em jogo. A fortuna de Maradona é um mistério. Não ficou milionário como jogador — não eram os tempos dos contratos galácticos como hoje em dia —, e o que possa ter acumulado foi fruto dos negócios que fez depois de aposentado. Em Buenos Aires tem quatro propriedades, incluído o apartamento do bairro de Devoto onde viveram seus pais. Somou também valiosos presentes em sua passagem como treinador pelos Emirados Árabes, como um Rolls-Royce Ghost avaliado em quase 1,4 milhão de reais e uma BMW i8, que ronda os 700.000. De sua breve estada em Belarus, onde não chegou sequer a dirigir, mas onde ainda é homenageado, trouxe um anel de brilhantes avaliado em quase 1,4 milhão de reais, que ostenta como talismã em cada jogo do Gimnasia y Esgrima. E quando o Dínamo Brest nomeou Maradona como presidente honorário, lhe deu de presente um veículo anfíbio Overcomer Hunta.
Aos bens materiais de Maradona é preciso somar também os dividendos pela venda do direito de imagem, como os que recebe da Konami, dona do game PS, e de uma marca de roupas esportivas. Além disso, recebe royalties por dezenas de escolas de futebol que levam seu nome na China, e investimentos imobiliários na Itália e Cuba.
A ameaça de deserdar Dalma e Gianinna, entretanto, choca-se com alguns dados da realidade. Acontece que Maradona tem também outros seis filhos que vivem na Argentina, Cuba e Itália, fruto de relações que ocultou de Villafañe ou com parceiras que teve depois de divorciado. O outro limite é legal. As normas argentinas não permitem que os pais deserdem seus filhos, considerados pela lei como o elo mais fraco de uma relação conflitiva. Uma lei aprovada em 2015 dispõe que os filhos têm direito a dois terços do patrimônio familiar (antes eram quatro quintos), independentemente dos desejos dos pais. Maradona tem então dois caminhos para castigar Dalma e Gianinna: gastar todo seu dinheiro ou doar em vida a terceiros, uma estratégia considerada “irregular” e que apenas ativaria eternos litígios judiciais com os felizes beneficiários da generosidade do jogador.
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