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‘Watchmen’, a série que quer ser a sua nova obsessão

Guia rápido para desvendar o novo seriado da HBO, baseado na popular história em quadrinhos

Regina King, protagonista de ‘Watchmen’.
Regina King, protagonista de ‘Watchmen’.
Natalia Marcos
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Há alguns anos, parecia que a HBO estava prestes a entrar em parafuso. Game of Thrones ia acabar e não havia uma série para ocupar seu lugar com a mesma relevância entre o público e a crítica. No entanto, depois do fim das lutas no Poente, a rede enfileirou títulos que conseguiram uma repercussão inesperada. Chernobyl, Years and Years, Euphoria e Succession conseguiram ser o centro da conversa dos seriéfilos. Agora, Watchmen quer assumir seu lugar nessa conversa. Chegou uma das produções televisivas mais esperadas do ano e com expectativas disparadas pelos elogios da crítica. Os episódios vão ao ar no Brasil aos domingos. Estes são os principais aspectos da série que quer se tornar sua nova obsessão (sem spoilers da série; os spoilers da história em quadrinhos estão identificados no texto).

Sua relação com a história em quadrinhos: reinterpretação como continuação

A nova criação de Damon Lindelof (um dos responsáveis pelo fenômeno Lost e a aplaudida The Leftovers) se baseia no que é possivelmente a história em quadrinhos mais premiada, elogiada e inovadora no conteúdo e na forma, publicada entre 1986 e 1987. Mas, diferentemente do filme de 2009, de Zack Snyder, a série não pretende ser uma adaptação da história original, mas toma emprestado seu universo para reinterpretá-lo e levá-lo ao terreno de Lindelof. O roteirista sempre deixou claro seu respeito pelo material escrito por Alan Moore e desenhado por Dave Gibbons, não queria macular sua obra. Alguns dos personagens permanecem, mas os encontramos anos depois. Tampouco pretende ser uma continuação usual... Defini-la como reinterpretação é, talvez, o mais apropriado.

Não é preciso ter lido os quadrinhos para entendê-la

Embora a experiência seja mais completa e divertida se as referências aos quadrinhos forem captadas, não é obrigatório ter lido o gibi para que a série seja perfeitamente compreensível. Narra uma história autônoma que se explica na tela sem contar que o espectador tenha informações externas e pode ser igualmente divertida. É aconselhável ter lido o gibi? Sim. É necessário? Não.

Um mundo distópico

Vamos entrar no assunto. Watchmen na verdade não é uma história de super-heróis: quase todos os seus personagens principais não têm poderes e vivem à margem da sociedade, afastados de sua tarefa anterior de protetores da humanidade. Enquanto a história original era ambientada em 1985, a ação da série se passa décadas depois em um universo semelhante. Nesse mundo distópico, Robert Redford é o presidente dos Estados Unidos (nos quadrinhos se mencionava que era candidato à presidência e na série está no cargo desde 1992), os super-heróis são ilegais e os policias cobrem o rosto porque são alvo de um grupo terrorista. Os combustíveis fósseis desapareceram totalmente como fonte de energia. A Internet e os telefones celulares foram proibidos. Além disso, foi aprovada uma lei sobre Vítimas da Violência Racial que pretende reparar as vítimas e os descendentes de vítimas de crimes de ódio racial ao longo da história.

Da ameaça nuclear ao supremacismo branco

Enquanto na história original a Guerra Fria e a ameaça nuclear perpassam toda a trama, a reinterpretação trocou esse medo pela ameaça do supremacismo branco. De fato, o primeiro capítulo começa mostrando um fato histórico: os distúrbios raciais que aconteceram em Tulsa (Oklahoma), em 1921. Entre 31 de maio e 1º de junho daquele ano, vários grupos da população branca atacaram a comunidade afro-americana da cidade. Encarniçaram-se especialmente com o bairro de Greenwood, onde ficava a comunidade afro-americana mais próspera dos Estados Unidos. O bairro foi totalmente destruído. Lá, o supremacismo branco continua presente através do grupo Seventh Kalvary, que usa máscaras no estilo de Rorschach.

Os principais personagens

Angela Abar (Regina King)

Uma detetive da polícia de Tulsa que faz seu trabalho mascarada, como o resto de seus colegas, para proteger sua identidade. Ela assume a identidade de Sister Night.

Laurie Blake / Espectro de Seda II (Jean Smart)

Era um dos personagens centrais nos quadrinhos. Mantinha um relacionamento com o doutor Manhattan e, quando ele parte para Marte, com o Coruja. Sua mãe também foi super-heroína. Na série, é agente do FBI e (spoiler dos quadrinhos) tomou o sobrenome de seu verdadeiro pai, O Comediante.

Adrian Veidt / Ozymandias (Jeremy Irons)

O homem mais inteligente e rico do planeta vive afastado do resto no meio de excentricidades e com um ar misterioso (spoiler dos quadrinhos). Na história original, é o vilão. Mas na série talvez as coisas sejam diferentes.

Judd Crawford (Don Johnson)

É o chefe de polícia de Tulsa e tem uma relação muito próxima com Angela Abar. Especulou-se que poderia ser uma versão mais velha do Coruja.

Walter Kovaks / Rorschach

Embora já esteja morto na série, seu legado permanece através do violento grupo de seguidores que usa sua máscara. Nos quadrinhos, escrevia um diário que poderia ter visto a luz, mostrando sua retorcida e conspiradora forma de pensar.

Dr. Manhattan

O doutor Jonathan Osterman se tornou o doutor Manhattan depois de uma falha em um teste científico. Entre seus poderes está a possibilidade de estar em todos os lugares e todos os tempos simultaneamente e, farto dos humanos e de seus problemas, deixa a Terra em busca de uma galáxia menos complicada. Uma das grandes incógnitas é se aparecerá na série e como o fará.

Por enquanto, uma única temporada

A primeira temporada de Watchmen terá nove capítulos e, em princípio, foi concebida para terminar por aqui. Mas será preciso ver a receptividade que terá. The Leftovers também foi originalmente concebida para ter uma única temporada que narrava todo o conteúdo do romance que adaptava, mas durou três temporadas. O final de cada temporada poderia ter servido como final definitivo. Parece que Lindelof fará algo assim em Watchmen.

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