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Primeiro-ministro italiano anuncia renúncia em meio a crise do Governo

Giuseppe Conte comunicou a decisão nesta terça-feira no Senado, em uma sessão crucial depois da moção de censura apresentada por Salvini

Giuseppe Conte e Matteo Salvini durante plenário no Senado.
Giuseppe Conte e Matteo Salvini durante plenário no Senado.Andreas SOLARO (AFP)
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O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, anunciou nesta terça-feira no Senado, em uma sessão crucial em meio à crise do Governo que o país atravessa, que apresentará sua renúncia ao presidente da Itália, Sergio Mattarella. Conte fez o anúncio em uma intervenção antes de um debate, motivada pela moção de censura enviada pelo ministro do Interior e líder da ultradireitista Liga, Matteo Salvini.

"A crise em curso prejudica a ação deste governo que aqui termina (...) Aproveito para comunicar que apresentarei ao presidente da República a minha renúncia como chefe do Governo", disse Conte, que fez um discurso muito duro contra Salvini, em que o acusou de oportunismo e "irresponsabilidade institucional" por ter desencadeado uma crise "que levou o país a uma espiral de incerteza política e financeira".

A crise do Governo, causada por Salvini ao romper a coalizão com o Movimento 5 Estrelas (M5S) e apresentar uma moção de censura, finalmente chegou na tarde desta terça-feira ao Parlamento. Já se previa que a sessão seria decisiva para materializar a ruptura do Executivo e pôr em marcha as vias institucionais para buscar alternativas, como uma nova maioria que permita a formação de um outro Governo nesta legislatura. A coalizão também poderia aproveitar a ocasião para se recompor e seguir em frente no Executivo. Esta opção parece não ser muito provável, de acordo com analistas políticos, em face do clima de confronto que reina entre o Movimento 5 Estrelas e a Liga, até agora parceiros.

Quando Salvini dinamitou a coalizão do Governo, há duas semanas, o primeiro-ministro Conte anunciou sua intenção de "parlamentarizar" a crise e pediu para comparecer perante o Senado para fazer um discurso sobre a situação. Ele também desafiou Salvini, que é senador, a dar explicações sobre as razões que o levaram a derrubar o Governo. Um dia após o anúncio de Conte, o partido de Salvini apresentou uma moção de censura contra o primeiro-ministro na Câmara Alta, com o objetivo de precipitar a queda do Executivo e forçar a antecipação das eleições. No entanto, uma maioria inédita formada pelo Movimento 5 Estrelas e pelo Partido Democrático (PD, à esquerda) conseguiu conter os planos do líder da Liga e derrubou sua proposta de debater e votar imediatamente a moção contra o primeiro-ministro. A resolução da moção foi suspensa sem data e ficou decidido aceitar a petição de Conte de comparecimento ao Senado, no qual anunciou sua renúncia.

A sessão continua com um debate em que grupos parlamentares têm a oportunidade de intervir e propor soluções, que não serão vinculativas e que, se aceitas, devem ser aprovadas em votação. Este desdobramento é um momento-chave, pois nos últimos dias, Salvini expressou a intenção de usar sua intervenção para tentar refazer suas relações com o Movimento 5 Estrelas e assim evitar uma possível aliança de seus até então parceiros com o Partido Democrático. O antissistema Movimento 5 Estrelas e o PD, a principal força da oposição atual, estão sondando a possibilidade de unir forças para deixar a Liga em minoria e tirá-la do poder.

O objetivo dessa união seria evitar eleições antecipadas que coincidissem com a elaboração dos Orçamentos para 2020 na Itália e nas quais, além disso, o partido de Di Maio e o PD provavelmente não se sairiam bem, segundo apontam as pesquisas.

Apesar de as duas legendas terem costurado uma maioria suficiente para bloquear a proposta de Salvini de votar de forma iminente a moção de censura, elas continuam sendo férreas rivais, portanto, formar uma aliança será complicado para ambos os lados. Nas fileiras dos dois partidos, teme-se que qualquer medida impopular que propuserem aumente ainda mais o apoio a Salvini.

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