_
_
_
_

Rússia e China alertam sobre escalada militar após teste de míssil pelos EUA

Moscou e Pequim desaprovam a primeira prova de um míssil de cruzeiro norte-americano desde a ruptura, no início de agosto, de um acordo de desarmamento da Guerra Fria

Lançamento do míssil, na segunda-feira, em San Nicolás (Califórnia).
Lançamento do míssil, na segunda-feira, em San Nicolás (Califórnia).Departamento de Estado de EE UU
Mais informações
Tensões entre Rússia e Estados Unidos reavivam corrida armamentista
Uma explosão nuclear reforça a opacidade do Governo russo

O Kremlin condenou nesta terça-feira a prova de um míssil norte-americano de cruzeiro terrestre de alcance superior a 500 quilômetros. O teste aconteceu menos de três semanas depois do vencimento do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF na sigla em inglês), que proibia que a Rússia e os Estados Unidos armazenassem, testassem ou implantassem mísseis terrestres, convencionais ou nucleares, de alcance intermediário (entre 500 e 5.000 quilômetros). Pequim também mostrou sua insatisfação com o teste do Pentágono.

A prova de Washington demonstra mais uma vez que “os norte-americanos procuraram desde o início acabar com o INF”, disse um porta-voz do Kremlin em declarações à imprensa.

Ao denunciarem o INF — assinado por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev em 1987 —, os Estados Unidos acusaram Moscou de violar o tratado durante os testes do míssil Novator 9M729. O Kremlin negou repetidamente e prosseguiu o desenvolvimento e a implantação desses projéteis. Além disso, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou Washington de descumprir o acordo com a instalação, em 2015, do sistema de mísseis Aegis na Romênia.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Riabkov, disse que esses testes mostram que o Pentágono vinha desenvolvendo o novo míssil há muito tempo, pois é altamente improvável que em um “tempo tão curto” os norte-americanos tenham preparado o teste de segunda-feira.

O mais lamentável para o diplomata russo é que com isso Washington revela suas intenções de “estender o potencial desestabilizador” a um campo que, até recentemente, era firmemente regulado, como o dos mísseis terrestres de médio alcance. A situação é simplesmente “lamentável”, disse Riabkov. Tudo isso estaria demonstrando que a Casa Branca preparou com muita antecedência sua renúncia ao tratado INF, tanto no aspecto propagandístico quanto no militar e técnico, afirmou.

O vice-ministro ressaltou que Putin reiterou na segunda-feira, durante sua visita ao presidente francês Emmanuel Macron, em Paris, que a Rússia não implantará mísseis de médio alcance enquanto Washington não o fizer.

Por sua parte, o Governo chinês alertou contra “uma escalada de enfrentamentos militares”. O teste realizado pelos Estados Unidos ao largo da costa da Califórnia “terá sérias consequências negativas para a segurança regional e internacional”, disse à imprensa o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.

A prova norte-americana, realizada com sucesso, aconteceu na ilha de San Nicolás, na costa da Califórnia, às 14h30, horário local (18h30 em Brasília), segundo o Pentágono, que afirmou que se trata de uma “variante do míssil de cruzeiro de ataque terra-terra Tomahawk”. O INF não proibia o desenvolvimento e o uso de mísseis de médio alcance lançados de embarcações ou aeronaves.

Os testes tanto da Rússia quanto dos Estados Unidos mostram que a corrida armamentista entre os dois países está crescendo e que, no futuro próximo, continuará a acelerar, com as consequentes ameaças que isso implica.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_