Nicolás Dujovne, ministro argentino da Fazenda, pede demissão
Cargo será assumido por Hernán Lacunza, até então ministro da Economia da província de Buenos Aires
Nicolás Dujovne, ministro argentino da Fazenda, aproveitou o final de semana para apresentar sua demissão. A queda do peso e das bolsas de segunda-feira, e a derrota eleitoral do presidente Mauricio Macri causada por uma política econômica da qual ele era um dos responsáveis, o deixaram em uma situação muito complicada. “Cometemos erros”, escreveu em sua carta de renúncia, “que nunca hesitamos em reconhecer e fizemos todo o possível para corrigir”. Dujovne será substituído por Hernán Lacunza, até então ministro da Economia da província de Buenos Aires.
No texto enviado a Macri para explicar sua renúncia, Dujovne frisou suas conquistas “na redução do déficit e do gasto público, na redução de impostos abusivos nas províncias, em recuperar o federalismo”. Omitiu a lista de fracassos: a economia está há um ano em recessão, a inflação mal baixou dos 50% anuais e disparará novamente pela desvalorização de segunda-feira, a dívida pública beira os 100% do Produto Interno Bruto e um terço dos argentinos vive em situação de pobreza.
O até então ministro da Fazenda entrou no Governo de Macri em janeiro de 2017 e em pouco tempo assumiu a coordenação de todas as pastas econômicas. O presidente não se importou com o fato de que a maior parte do patrimônio de seu ministro (74 milhões de pesos de um total de 92 milhões, 5 milhões e 8 milhões de reais, respectivamente) estivesse no estrangeiro e que sua casa de três andares no exclusivo bairro de Belgrano estivesse declarada fiscalmente como terreno baldio no valor de 22.000 dólares (88.000 reais). Era um hábil polemista, graças à sua experiência anterior como comentarista de televisão, e soube se adaptar à rígida disciplina ideológica imposta por Marcos Peña, braço direito de Macri e chefe de seu gabinete de ministros.
O novo ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, de 49 anos, assumirá o cargo até dezembro, quando será formado um novo Governo, presidido por Macri ou mais provavelmente pelo peronista Alberto Fernández, após as eleições gerais de outubro ou, caso ocorra segundo turno, novembro. Lacunza é economista, foi gerente do Banco Central entre 2005 e 2010, nas presidências de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner, e depois realizou trabalhos de consultoria até que Mauricio Macri, como chefe de governo da cidade de Buenos Aires, lhe ofereceu em 2013 a gerência do Banco Ciudad. Após a chegada de María Eugenia Vidal ao governo da província de Buenos Aires, em dezembro de 2015, se transformou em ministro da Economia da província.
Lacunza terá uma difícil missão. Deverá enfrentar as turbulências nos mercados financeiros, gerir um peso fraco e uma inflação em alta e, principalmente, terá que explicar ao Fundo Monetário Internacional, que em setembro emprestou à Argentina 57 bilhões de dólares (228 bilhões de reais) em troca de um programa de austeridade, por que o Governo de Macri lançou um programa de traços populistas com subsídios generalizados, supressão do IVA (imposto sobre produtos) em alimentos básicos e congelamento do preço da gasolina, após a derrota eleitoral de domingo.
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