OMC avisa que comércio mundial de mercadorias se enfraquece
Instituição prevê que as transações globais continuarão “fracas” durante o terceiro trimestre
A Organização Mundial do Comércio adicionou nesta quinta-feira mais sal à ferida. Acrescentou mais um elemento à combinação de dados e previsões que alertam para uma deterioração econômica mundial. "O crescimento do volume do comércio mundial de mercadorias deve permanecer fraco no terceiro trimestre de 2019", assinalou em seu barômetro. O embate comercial entre os Estados Unidos e a China está afetando as vendas internacionais. E as bolsas de valores, diante da instabilidade, voltaram a viver nesta quinta-feira um dia de volatilidade.
O barômetro da OMC sobre o comércio de mercadorias é produzido com dados que utilizam uma base 100. Quando o valor da análise ultrapassa esse limite, isso significa que a perspectiva é positiva. Se fica abaixo, indica a piora da situação. Neste momento, como informou a organização nesta quinta-feira, estão em 95,7 pontos. “A perda de impulso no comércio de mercadorias já foi confirmada em trimestres anteriores em que há dados oficiais disponíveis. O barômetro sugere que a expansão abaixo da tendência no comércio de mercadorias persistirá nos próximos meses”, afirmou.
Tensões comerciais
Este indicador mostra enfraquecimento em todos os parâmetros que mede. “Os índices internacionais de carga aérea (91,4 pontos) e componentes eletrônicos (90,7) apresentaram os desvios mais fortes em relação à tendência, com leituras bem abaixo dos lançamentos anteriores. Os índices de pedidos de exportação (97,5), produção e vendas de automóveis (93,5) e matérias-primas agrícolas (97,1) se mantiveram abaixo da tendência, embora mostrem alguns sinais de terem atingido o fundo. Somente o índice de embarque de contêineres (99) ficou próximo do valor de referência de 100”, constatou.
A organização lembra que no mês passado, no relatório semestral, já ressaltara que os fluxos comerciais “afetados pelas novas restrições” continuaram “em níveis historicamente altos entre meados de outubro de 2018 e meados de maio de 2019”. E enfatiza que "as tensões que conduzem a maiores barreiras comerciais e maior incerteza representam riscos descendentes significativos para baixo para negociar prognósticos de crescimento".
Guerra tarifária entre os EUA e a China
A OMC não aponta diretamente nenhum conflito, mas as referências às barreiras comerciais nas quais os Estados Unidos e a China estão imersos são evidentes. Na terça-feira passada, o presidente Donald Trump disse que adiou o início da vigência de algumas das novas tarifas que ele imporá ao gigante asiático em setembro. A China respondeu na quinta-feira: o Ministério das Finanças do país afirmou que vai "retaliar" se achar necessário quando essas novas tarifas chegarem.
As bolsas continuam instáveis com tantos sinais de incerteza. O Ibex começou com aumentos tímidos, depois chegou a perder mais de 1% e fechou quase estável, com uma pequena perda de 0,04%. Na mesma linha se movimentaram Paris e Frankfurt, com quedas de 0,27% e 0,7%, respectivamente. Londres, no entanto, caiu mais de 1,13% e Milão, que foi o mercado de ações que registrou mais perdas, 2,53%.
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