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Polícia investe contra manifestantes no aeroporto de Hong Kong no segundo dia de bloqueio

Protestos intensificam desafio contra o Governo chinês em meio à irritação dos passageiros

Polícia usa gás de pimenta contra os manifestantes do aeroporto de Hong Kong.
Polícia usa gás de pimenta contra os manifestantes do aeroporto de Hong Kong.TYRONE SIU (REUTERS)
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Milhares de manifestantes bloqueiam o aeroporto de Hong Kong
A juventude frustrada de Hong Kong

Agentes da polícia investiram na noite desta terça-feira (horário local) contra os manifestantes que bloqueavam pelo segundo dia seguido o aeroporto de Hong Kong. A tensão disparou quando um grupo de médicos tentava retirar do edifício uma pessoa ferida e os policias começaram a lançar gás de pimenta. Do lado de fora, vários veículos policiais foram bloqueados pelos participantes do protesto, e a força de choque respondeu com empurrões. Os aviões mal tinham recomeçado, de manhã, os pousos e decolagens quando os manifestantes voltaram a entrar no aeroporto, um dos mais movimentados do mundo. Uma multidão ocupou o interior do edifício e impediu o acesso dos passageiros. No meio da tarde, as autoridades fecharam o tráfego aéreo de saída.

Com seu gesto, os manifestantes reafirmaram sua determinação de enfrentar as autoridades, apesar da brutalidade com que as forças de segurança agiram nos últimos dias e das ameaças de Pequim, que na segunda-feira qualificou os protestos de “terrorismo”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira que o Exército chinês está se mobilizando “na fronteira com Hong Kong”, citando informações do serviço americano de inteligência, e pediu “calma”. Ao longo do dia foram publicadas imagens que indicam que as tropas estão se concentrando em Shenzhen, a cidade do outro lado da fronteira, a apenas 40 quilômetros por rodovia do centro de Hong Kong.

Depois de ocupar o aeroporto, o oitavo do mundo em número de passageiros e o primeiro em volume de carga, os manifestantes montaram uma barreira de carros em frente à zona de embarque, impedindo assim o acesso dos passageiros, o que provocou vários confrontos. Muitos dos viajantes reclamaram e alguns chegaram a lutar para tentar abrir caminho. Pavol Caravaca, turista eslovaco, tentou dialogar com eles fazendo uma pergunta pertinente: “Será que é correto tirar a liberdade a uma pessoa enquanto vocês lutam pela sua?”, informou o South China Morning Post.

“Estão virando a opinião pública contra eles”, disse o visitante ao ver que sua tentativa de diálogo não deu certo. Esta nova campanha ameaça afetar a simpatia popular pelos protestos, como já aconteceu durante a Revolução dos Guarda-Chuvas em 2014, quando os jovens acamparam durante meses no centro da cidade e acabaram provocando a irritação da população.

Um dos momentos de maior tensão do dia ocorreu quando um grupo de manifestantes exaltados rodeou um jovem de nacionalidade chinesa, acusando-o de ser um policial disfarçado. Dentro de sua mochila encontraram dois bastões de bambu, e após rastrear seu nome na Internet encontraram indícios de que poderia pertencer ao corpo de segurança pública de Shenzhen. Os manifestantes amarraram as mãos do jovem e o mantiveram retido durante várias horas, durante as quais ele desmaiou duas vezes, enquanto decidiam o que fazer com ele. Mais tarde, bloquearam o acesso dos paramédicos, que finalmente conseguiram atender o jovem, mas não retirá-lo.

Nesta terça-feira se completaram cinco dias seguidos de protesto no aeroporto e dois de bloqueio, depois da grande manifestação na qual milhares de pessoas se sentaram no local para expressar sua rejeição à violência da polícia na repressão dos protestos de domingo. Nesse dia, 45 pessoas ficaram feridas, entre elas uma jovem atingida no rosto por uma bala de borracha, o que a fez perder a visão de um olho.

A ONU se pronunciou nesta terça-feira sobre o caso. A organização emitiu um comunicado conclamando o Governo de Hong Kong a atuar com moderação e a investigar a atuação de suas forças de segurança, que no domingo reprimiram os protestos “de um modo contrário à legislação internacional”. Como denunciou a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em um comunicado, “em múltiplas ocasiões, as forças de segurança dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes em áreas fechadas e diretamente contra indivíduos concretos, criando riscos consideráveis de morte e de ferimentos sérios”.

Essas palavras são uma crítica sem precedentes contra aquela que durante muitos anos foi considerada a melhor força policial da Ásia, uma reputação que desabou por causa de sua atuação contra os protestos. Imagens compartilhadas nas redes sociais nos últimos dias mostram agentes antimotim disparando balas de borracha a menos de dois metros de distância dos manifestantes e apontando contra a cabeça, assim como subjugando detidos que não opunham resistência.

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