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O conservador Giammattei ganha as eleições na Guatemala com minúscula participação

O ex-diretor do Sistema Penitenciário derrotou Sandra Torres em um pleito em que apenas 42% da população votou

Alejandro Giammattei comemora a vitória no domingo, na Guatemala.
Alejandro Giammattei comemora a vitória no domingo, na Guatemala.Esteban Biba (EFE)
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O conservador Alejandro Giammattei será o novo presidente da Guatemala, ao ganhar de goleada as eleições deste domingo, em que obteve 58,1% dos votos. A ex-primeira-dama Sandra Torres ficou muito longe, ao conseguir 41,8% dos votos.

Giammattei, de 63 anos, conseguiu triplicar o apoio obtido no primeiro turno e conquistou 1.900.000 votos contra os quase 1.350.000 de Torres. Ex-diretor do Sistema Penitenciário, Giammattei, que tentava pela quarta vez a presidência, aproveitou o forte voto negativo que a ex-primeira-dama concentrava para arrasar principalmente nas cidades.

O novo presidente, considerado o herdeiro político de Jimmy Morales, assumirá o cargo em janeiro de 2020, quando substituirá o atual mandatário, um dos presidentes com menor índice de popularidade do continente. Com um discurso conservador no social e liberal no econômico, seu programa está focado na segurança e na recuperação econômica que completou com uma infinidade de programas sociais incorporados na última hora.

No entanto, o dia da votação foi um funeral sem emoção democrática ou filas na frente das seções eleitorais. O outro vencedor do dia foi a abstenção. Com uma participação de 42%, o novo presidente foi eleito com menos de dois milhões de votos em um registro eleitoral de mais de oito. Nesse contexto de cansaço e irritação em relação à classe política e a um sistema que deixou de fora alguns dos candidatos mais populares com diferentes artimanhas, terá que assumir o poder com o objetivo de “transformar o país”.

“Eu não serei o primeiro mandatário, mas o primeiro servidor da nação. Não seremos os governantes perfeitos, mas seremos os governantes corretos para transformar o país”, disse em suas primeiras palavras diante de seus simpatizantes. Uma intervenção em que não fez uma única referência à legitimidade pírrica com a qual chega ao poder; de fato, Giammattei obteve um milhão de votos a menos do que Morales quatro anos atrás.

“O abstencionismo se explica porque nenhum dos candidatos satisfaz as aspirações dos eleitores. Sandra Torres é a representante mais ilustre da velha política, enquanto Giammattei é apenas uma pessoa obcecada pelo poder, sem outra meta senão chegar à presidência, sem nenhum programa de governo”, diz Luis Linares, analista da Associação de Pesquisa e Estudos Sociais.

“Para começar a governar, Giammattei terá de levar em conta que a população não tem confiança alguma na classe política. Consequentemente, terá que se comprometer profundamente em buscar resolver a principal preocupação do homem da rua: uma luta a fundo contra a corrupção. Se falhar, a confiança permanecerá em níveis mínimos”, acrescenta o analista.

O combate à corrupção, a luta contra o desemprego e a violência serão os eixos centrais da sua gestão, como anunciou o vencedor das eleições. A melhor notícia da jornada eleitoral foi a ausência de distúrbios e a rapidez e transparência com que os resultados foram divulgados, eliminando assim os rumores de fraudes e as dúvidas em relação ao sistema informatizado que pairavam sobre as eleições e que acrescentariam mais tensão à atmosfera.

“Ambos representam um sistema que as pessoas rejeitam, que já não tem mais legitimidade, dois dignos representantes de um sistema caduco. O novo presidente terá um caminho muito íngreme, porque Giammattei não tem a força política necessária para reverter o ânimo do povo e muito menos garantir a governabilidade, pois conta com uma representação mínima no Congresso: 16 deputados em 160 cadeiras”, explica Manfredo Marroquín, ex-analista da Transparência Internacional.

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