Sob o sorriso de Meryl Streep
Sem muito mais para levar à boca, o mais divertido de ‘Big Little Lies’ foi a especulação em torno da composição da personagem de Streep
A segunda temporada de Big Little Lies terminou nesta semana na HBO deixando a sensação de que, mais que uma nova temporada, assistimos ao desnecessário epílogo da primeira. Do maltrato machista que a história original denunciava passou-se a apontar as mães maltratadoras, o perigoso clichê de que não há mãe inocente. Tudo bem forçado.
Isso sim, o puxadinho se sustentava graças à presença de Meryl Streep, nova estrela de um elenco estelar, que além disso completou setenta anos enquanto a série estava no ar. Sua personagem, Mary Louise, essa idosa em busca de respostas pela morte de seu filho, conseguia ser tão odiosa quanto adorável. Seu aparente bom senso servia de contrapeso ao grupo selvagem de Monterrey, aquelas mulheres meio transtornadas, composto por Nicole Kidman, Reese Witherspoon, Laura Dern, Shailene Woodley e Zoë Kravitz. Sem dúvida, Streep é o melhor deste fatigante segundo tempo.
Sem muito mais para levar à boca, o mais divertido foi a especulação em torno da composição da personagem de Streep, os detalhes de como a sempre conscienciosa intérprete preparou sua caracterização. Se a dentadura postiça tentava buscava lhe conferir uma semelhança com seu filho da ficção (Alexander Skarsgård), ou se, como apontou com humor em sua conta do Twitter a veterana crítica Janet Maslin, do The New York Times, Streep teria se inspirado em alguma personagem real. Concretamente em uma colega de Maslin, a mítica crítica de cinema Pauline Kael. Maslin publicou uma foto de Kael com óculos e deixou no ar a semelhança mais do que razoável, além de insistir em que a já falecida Kael era pouco fã de Streep como atriz, e que o sorriso afiado da personagem de Big Little Lies lhe recordava o “pequeno sorriso” que sempre acompanhava cada “navalhada” da escritora.
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