_
_
_
_

Trump afirma que parou um ataque contra o Irã porque pareceu “desproporcionado”

Funcionários iranianos dizem que presidente dos EUA avisou Teerã sobre a ofensiva através de Omã

Donald Trump e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (esq.), na quinta-feira na Casa Branca.
Donald Trump e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau (esq.), na quinta-feira na Casa Branca.Jim LoScalzo (GTRES)

O presidente dos EUA, Donald Trump, aprovou na quinta-feira um ataque seletivo contra o Irã em resposta à derrubada de um drone norte-americano por Teerã, mas o mandatário suspendeu a ordem antes que o Pentágono a executasse, informou nesta manhã o The New York Times. Horas depois, fontes iranianas oficiais confirmaram à agência Reuters que o presidente norte-americano alertou a República Islâmica sobre um “ataque iminente”. A mensagem do presidente chegou ao Governo de Teerã através de Omã, que mantém boas relações com os dois países e já atuou como mediador entre eles no passado. O Irã respondeu a Washington que o responsabiliza por qualquer ataque à República Islâmica.

“Em sua mensagem, Trump disse que era contra uma guerra com o Irã e que queria conversar com Teerã sobre várias questões... Deu um pequeno prazo de tempo para receber nossa resposta, mas a resposta imediata do Irã foi que a decisão sobre esse assunto está nas mãos do líder supremo [o aiatolá Ali] Khamenei”, disse um dos funcionários, falando sob a condição de anonimato. “Deixamos claro que o líder se opõe a qualquer contato, mas que a mensagem seria transmitida a ele para que decidisse... No entanto, dissemos ao funcionário de Omã que um ataque ao Irã teria consequências regionais e internacionais”, declarou outro funcionário iraniano citado pela agencia.

Mais informações
Trump ameaça o Irã após derrubada de drone dos EUA no estreito de Ormuz
Trump pede ao eleitorado que se rebele contra a “esquerda radical” nas eleições de 2020
Estados Unidos encadeiam o maior período de crescimento de sua história

Sem fazer alusão a esse aviso, o Irã respondeu aos EUA que o responsabiliza por qualquer ataque ao seu território. O fez através do embaixador da Suíça em Teerã, que representa os interesses de Washington, já que ambos os países não têm relações diplomáticas desde o sequestro de diplomatas norte-americanos em 1979.

De acordo com o The New York Times, Trump havia aprovado na quinta-feira ataques contra vários alvos iranianos, como radares ou baterias de mísseis. A operação, marcada para antes das 19h (11h30 em Brasília), já estava em andamento: os aviões estavam no ar e os navios em posição quando foi suspensa antes que qualquer míssil fosse disparado. Não está claro se o presidente mudou de ideia ou se houve problemas logísticos. Tampouco se o plano foi abortado definitivamente ou apenas adiado. Trump já autorizou dois ataques semelhantes em 2017 e 2018 contra alvos militares do governo de Bashar al-Assad na Síria.

Na manhã de quinta-feira, o Irã abateu um drone norte-americano (avaliado em cerca de 115 milhões de euros) no Estreito de Hormuz. Enquanto Teerã defendia que o aparelho havia entrado em seu espaço aéreo em missão de espionagem, os Estados Unidos afirmaram que a alegação era falsa e que a aeronave estava realizando tarefas de reconhecimento em espaço aéreo internacional.

Durante todo o dia, a opção de um possível ataque foi discutida em Washington. O secretário de Estado, Mike Pompeo, o assessor de Segurança Nacional, John Bolton, e a diretora da CIA, Gina Haspel, se posicionaram favoravelmente a uma resposta militar, de acordo com o The New York Times.

O gravíssimo incidente desta manhã confirma os temores que se acumularam desde que há dois meses Washington intensificou sua campanha de pressão máxima contra Teerã. A escalada verbal e de posturas se traduziram em riscos concretos. Os EUA reforçaram sua presença militar no Oriente Médio. O Irã intensificou seu desafio cancelando alguns de seus compromissos com o acordo nuclear. E em meio a recriminações mútuas, seis navios petroleiros foram objeto de sabotagens, ainda não esclarecidas, que fizeram temer uma interrupção do fornecimento de petróleo e encareceram os seguros para o transporte marítimo na região.

Em um gesto que dá a entender que a Arábia Saudita tinha conhecimento dos planos de Washington, o príncipe Khalid Bin Salman, vice-ministro da Defesa e irmão mais novo do herdeiro do trono, tuitou nesta manhã que tinha se reunido em Jedá com o representante especial dos EUA para o Irã, Brian Hook, “para explorar os últimos esforços para neutralizar os atos hostis iranianos e a contínua escalada que ameaça a estabilidade e a segurança da região”. O príncipe reafirmou o apoio de seu país à “campanha de pressão máxima sobre o Irã” de seu aliado e protetor.

Embora ainda não se saiba se a suspensão do bombardeio contra alvos iranianos é temporária ou definitiva, a tensão também começa a contaminar o tráfego aéreo. Algumas companhias, entre elas as europeias KLM, Lufthansa e British Airways, decidiram desviar seus voos para evitar o espaço iraniano sobre o Estreito de Ormuz e o Golfo de Omã. Sua decisão acontece depois de a Administração Federal da Aviação ter proibido as companhias aéreas dos EUA de operar nessa área até novo aviso.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_