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Trump ameaça o Irã após derrubada de drone dos EUA no estreito de Ormuz

O país “cometeu um erro muito grave”, declarou Trump no Twitter. Incidente ocorre em momento de crescente tensão entre Teerã e Washington

O presidente do Irã, Hasan Rohani, em imagem de arquivo.
O presidente do Irã, Hasan Rohani, em imagem de arquivo.EFE

A Guarda Revolucionária do Irã anunciou a derrubada, nesta quinta-feira, de um “drone espião norte-americano” que tinha violado o espaço aéreo da República Islâmica, segundo nota dessa força citada pelos jornais iranianos. Porta-vozes militares dos Estados Unidos reconheceram a perda de um dos seus aparelhos, mas dizem que ele se encontrava “no espaço aéreo internacional sobre o estreito de Ormuz”. O incidente, ocorrido após as recentes sabotagens contra petroleiros nessas águas, joga mais lenha na fogueira da guerra de nervos entre Washington e Teerã. Até o momento, fez disparar o preço do petróleo.

“A derrubada do drone [norte] americano é uma clara mensagem à América [de que] nossas forças são a linha vermelha do Irã e que reagiremos energicamente contra qualquer agressão”, advertiu o chefe da Guarda Revolucionária, general Hossein Salami, citado pela PressTV. “O Irã não busca uma guerra com nenhum país, mas estamos plenamente preparados para defender a pátria”, completou o militar. O presidente dos EUA, Donald Trump, respondeu ao incidente com uma breve mensagem no Twitter: “O Irã cometeu um erro muito grave.”

Trump evitou confirmar se haveria uma resposta armada dos Estados Unidos. "Você saberá", "vamos ver o que acontece", disse ele a repórteres durante as boas-vindas à Casa Branca do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, relata Amanda Mars. Ele sugeriu que as ações do Irã não foram meditadas ou decididas estrategicamente pelo regime. "Tenho a impressão de que foi um erro de algum general", disse ele, "de alguém estúpido", acrescentou, "alguém não deveria estar fazendo o que estava fazendo". Embora a concisão de sua mensagem no Twitter na manhã indicasse o contrário, depois de um tempo, diante das câmeras, ele mostrou mais prudência. Trump enfatizou que o drone não era tripulado e, portanto, nenhum soldado americano havia morrido: "O oposto tornaria as coisas muito diferentes, asseguro-lhe." Os líderes do Congresso de ambos os partidos foram convocados pela Administração para tratar do assunto.

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O Corpo dos Guardiões da Revolução Islâmica, abreviado como Guarda Revolucionária ou Pasdarán (termo persa para “guardiões”) é um exército paralelo às Forças Armadas convencionais e mais bem equipado, criado após a revolução de 1979 por ordem do aiatolá Khomeini — temeroso em relação aos oficiais herdados da monarquia. Entre suas funções, inclui-se a vigilância das fronteiras. Há dois meses, os EUA o incluiu em sua lista de organizações terroristas.

A Guarda Revolucionária afirma que sua força aérea derrubou um drone espião modelo Global Hawk que “havia se infiltrado sobre a província costeira de Hormozgão, no sul do país”. Mas os porta-vozes norte-americanos declaram que o aparelho (um MQ-4C Triton da Marinha, segundo fonte citada pela Reuters) estava no espaço aéreo internacional sobre o estreito de Ormuz quando foi abatido por um míssil terra-ar. Fundamental para o transporte de petróleo e gás, o estreito conecta o golfo Pérsico com o golfo de Omã, onde nas últimas semanas vários petroleiros foram atacados.

Os EUA acusam o Irã pelos incidentes, que ocorrem em meio a uma crescente tensão entre ambos os países em raiz do esforço da Administração Trump de isolar Teerã. O Governo iraniano nega de forma contundente qualquer relação com esses ataques, sugerindo que poderiam ser uma operação orquestrada pelo próprio Governo norte-americano para justificar as hostilidades contra a República Islâmica. Washington intensificou sua pressão na quarta-feira com novas imagens das sabotagens.

Já o Irã reforçou seu desafio nuclear ao anunciar, na última segunda-feira, que no próximo dia 27 terá superado o limite de armazenamento de urânio permitido pelo acordo assinado em 2015 com as grandes potências. Com a retirada unilateral dos EUA, há um ano, o pacto frustrou as expectativas, já que os iranianos não viram os benefícios econômicos que teriam por aceitar a imposição de um limite ao seu programa atômico. Pelo contrário: as sanções norte-americanas agora são ainda mais rigorosas e tentam impedir não só a venda de petróleo, mas qualquer transação econômica.

Nesse clima de tensão, os rebeldes houthis do Iêmen aumentaram seus ataques contra a Arábia Saudita. O reino reconheceu, nesta quinta-feira, que a milícia lançou um projétil contra uma usina de dessalinização em Al Shuqaiq, na província meridional de Jizan. Na noite anterior, os houthis disseram ter atingido com um míssil de cruzeiro uma central elétrica nessa localidade. A agência saudita de notícias, SPA, não divulgou nenhuma informação sobre os danos, mas o incidente só pode agravar a crise com o Irã, já que Riad está convencida de que os rebeldes iemenitas, que combate desde 2015, são um instrumento de Teerã. No início do mês, um míssil atingiu o aeroporto saudita de Abha e deixou 26 feridos.

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