Manifestantes desafiam generais e exigem um Governo civil no Sudão
Militares afirmam que não vão extraditar o ex-presidente deposto Al-Bashir, acusado de crimes de guerra e contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional
Os protestos continuam no Sudão, agora dirigidos contra os generais. A tomada do poder pelos militares por um período de dois anos, depois da detenção de Omar Al-Bashir nesta quinta-feira, revoltou a imensa maioria dos manifestantes que ocupam há seis dias as proximidades do quartel-general do Exército na capital, Cartum. Nesta sexta-feira, depois de violar o toque de recolher imposto pelo novo regime militar, dezenas de milhares de pessoas participaram de uma oração coletiva pelos “mártires da revolução” e entoaram cânticos contra a junta militar. Eles exigem a formação de um Governo civil de transição para a democracia.
Em um comunicado, a Associação de Profissionais Sudaneses, o grupo que deu início às manifestações − que começaram em dezembro, em protesto contra o aumento do preço do pão, e depois incluíram reivindicações políticas −, qualificou os generais que tomaram o poder como “os novos golpistas do antigo regime” e manifestou sua profunda rejeição à junta militar. As novas autoridades, por sua vez, tentam acalmar os ânimos da população. O chefe político da junta, general Omar Azin al Abidin, disse nesta sexta-feira aos meios de comunicação que os militares não querem se “aferrar ao poder” e prometeu que haverá “um Governo civil” daqui a dois anos.
“Juro que não os trairemos, estamos aqui por vocês, mas é preciso limitar o caos”, advertiu Al Abidin aos manifestantes em suas primeiras declarações à imprensa. Além disso, pediu que as diferentes forças políticas cheguem a um acordo para a formação de um novo Governo nesses dois anos. “Não ficaremos nem um dia a mais no poder”, insistiu. Em relação a esse futuro Executivo, Al Abidin impôs duas condições: o ministro da Defesa deve ser um general das Forças Armadas e caberá ao Exército nomear o titular do Interior.
Por outro lado, os militares rejeitaram a possibilidade de que Al-Bashir seja “entregue ao exterior”. O ex-presidente sudanês, que permanece sob custódia em sua residência, é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) desde 2008 por sua responsabilidade no assassinato de centenas de milhares de pessoas na região de Darfur. Existe uma internacional de prisão contra Al-Bashir desde 2009. A União Europeia pediu que o ditador seja entregue ao TPI. O general Al Abidin afirmou que Al Bashir poderá ser julgado, mas apenas no Sudão, “caso sejam provadas as acusações contra ele”.
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