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De surpresa, Trump revoga as últimas sanções impostas à Coreia do Norte

A Casa Branca contradiz o Departamento do Tesouro e justifica a decisão dizendo que “o presidente Trump simpatiza com o líder” norte-coreano

Yolanda Monge
Kim Jong Un e Donald Trump, no último encontro de Hanói.
Kim Jong Un e Donald Trump, no último encontro de Hanói.Evan Vucci (AP)
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Com um simples tuíte, o presidente dos Estados Unidos contradisse nesta sexta-feira o seu próprio Departamento do Tesouro ao anunciar que as sanções impostas à Coreia do Norte de um dia antes foram anuladas. “O departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou hoje que serão acrescentadas sanções às já existentes contra a Coreia do Norte”, escreve o presidente no Twitter. “Ordenei que se retirem essas sanções adicionais”, finaliza Donald Trump, escrevendo a frase entre exclamações.

O motivo por que Trump cancelou as sanções foi, segundo sua porta-voz Sarah Sanders, um favor ao líder norte-coreano, Kim Jong Um. “O presidente Trump simpatiza com o presidente Kim, e considera que essas sanções são desnecessárias”, finalizou Sanders sem mais explicações. Na verdade, explicações desnecessárias – Trump já tinha dito tudo.

Com seu anúncio pelo Twitter, Trump mais uma vez intervém sem aviso prévio em políticas de sua Administração que devem ser executadas pelos responsáveis pelo cargo e que estão sujeitas a um protocolo. Além disso, não bastasse a mensagem do Twitter ser em si bem pouco ortodoxa, o presidente ainda parece confundir o dia em que se anunciaram as sanções, que foi quinta-feira e não sexta, como escreve em seu tuíte.

Na quinta-feira passada, o Tesouro dos Estados Unidos colocou em sua lista duas empresas de navegação chinesas que supostamente teriam ajudado Pyongyang a evadir as sanções internacionais. Esses castigos foram os primeiros depois do segundo encontro entre EUA e Coreia do Norte, realizado em Hanói no mês passado, e que acabou em fracasso. O Departamento do Tesouro tinha justificado ontem sua decisão baseando-se nas sanções adotadas pela ONU em setembro do ano passado, cujo propósito era tentar afogar economicamente a Coreia do Norte por seu programa nuclear mediante a adoção de um castigo a suas importações de petróleo e derivados.

“Os EUA e nossos parceiros continuam comprometidos com o objetivo de alcançar a desnuclearização completa e verificável da Coreia do Norte e acreditamos que a imposição plena das sanções do Conselho de Segurança da ONU é crucial para um resultado de sucesso”, afirmou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em um comunicado na quinta-feira. Como consequência das sanções anunciadas, ficaram congelados os ativos que ambas as empresas podem ter sob jurisdição norte-americana e proibia-se aos norte-americanos realizar qualquer tipo de transação financeira com elas, informa a agência Efe.

Horas antes do anúncio feito por Trump, a Coreia do Norte retirava seu pessoal do escritório de contato intercoreano, semanas depois do frustrado encontro vietnamita, o que representa um duro revés para Seul, como informa a France Presse. O escritório, situado na cidade norte-coreana de Kaesong, foi aberto em setembro quando as duas Coreias começaram a estreitar relações em uma nova rodada na península. O vice-ministro para a reunificação sul-coreana, Chun Hae Sung, disse que Pyongyang “notificou o Sul que se retirava do escritório de contato”. A decisão foi tomada “por ordem da hierarquia”, acrescentou.

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