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O misterioso ouro venezuelano ilegal que apareceu em Uganda

País africano investiga a entrada no país de 7,4 toneladas de ouro contrabandeadas

Jacobo García
Lingotes de ouro de um banco de Nova York.
Lingotes de ouro de um banco de Nova York.GETTY

O ouro venezuelano com o qual o Governo de Nicolás Maduro pretende obter um pouco de liquidez para diminuir os efeitos das últimas sanções internacionais teria chegado em Uganda de forma ilegal na semana passada, de acordo com denúncia da polícia do país africano.

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A notícia veio a público após o Governo de Uganda anunciar uma investigação para saber como 7,4 toneladas de ouro entraram no país. As indagações se centram nas recentes importações que chegaram à maior refinaria de ouro do país, avaliadas em 300 milhões de dólares (1,15 bilhão de reais).

A refinaria (AGR, na sigla em inglês) reconheceu que o ouro veio da América do Sul, mas não deu mais detalhes e refutou as acusações de contrabando. “Foram entregues todos os documentos requeridos [à polícia]... As transações da AGR são legais e as documentações são 1.000% legítimas”, a empresa disse à agência Reuters. Mas Fred Enanga, porta-voz da polícia de Uganda, disse que os relatórios dos serviços de informação indicaram que a AGR recebeu um envio de 3,8 toneladas dia 2 de março, e outro de 3,6 toneladas dois dias depois. “Mas nenhum dos envios passou pelos pontos oficiais de entrada da alfândega”, afirmou o porta-voz.

Três dias depois da chegada desses carregamentos a policia entrou nos escritórios da AGR e encontrou o lote de 3,6 toneladas, mas o primeiro envio havia desaparecido. “Estamos muito interessados em que nos digam onde estão as 3,8 toneladas de ouro”, disse Enanga. De acordo com o jornal estatal New Vision o ouro veio da Venezuela, citando o comandante de uma unidade de segurança de Uganda que supervisiona o setor mineiro.

O deputado da Assembleia Nacional da Venezuela, Ángel Alvarado, denunciou com pouco sucesso que em 27 de fevereiro oito toneladas de ouro saíram dos cofres do Banco Central da Venezuela (BCV). “Pretendem contrabandeá-lo para fora do país”, afirmou o parlamentar.

Na sexta-feira Alvarado afirmou que o envio havia aparecido em Uganda. Disse, entretanto, que chegou incompleto ao país africano, pois faltam 600 quilos. De acordo com o deputado, o carregamento está retido por ser considerado contrabando. “Lembramos Uganda que esse ouro foi retirado ilegalmente da Venezuela e que o BCV está sendo usurpado”, disse, se referindo à legitimidade de Juan Guaidó como presidente, que até agora não conseguiu exercer o poder.

Anteriormente, o ex-diretor da empresa petrolífera estatal venezuelana (PDVSA) Pedro Mario Burelli denunciou que um avião russo aterrissou em Caracas após fazer paradas na Tanzânia e em Uganda. Ao retornar seguiu a mesma rota. Há vários anos a empresa AGR, do magnata belga Alain Goetz, esteve no centro da polêmica por não ter escrúpulos em ficar com ouro de países em conflito.

Nas últimas semanas a Venezuela tentou por todos os meios possíveis conseguir liquidez vendendo o ouro que armazenava em seus depósitos, um velho costume desde os tempos de Hugo Chávez, que desconfiava do dólar como divisa internacional. A última batalha do Governo bolivariano é travada em Londres, onde tenta recuperar as mais de 30 toneladas depositadas no Banco da Inglaterra para lidar com a falta de dinheiro causada pelas sanções internacionais e a baixa produção de petróleo, que nesse ano pode chegar a 800.000 barris, um quarto do que extraía há 20 anos. Apesar dos protestos, até o momento o Governo britânico se negou a entregar os lingotes que acumula em seus cofres. Além do país africano, a Turquia se transformou no lugar escolhido para processar o ouro venezuelano.

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