Minas
O rompimento de uma barragem da mineradora Vale provocou a morte de mais de 150 pessoas
Ocorreu 22 dias depois do presidente Jair Bolsonaro ter transferido a demarcação de terras de povos indígenas para o Ministério da Agricultura, fazendo com que uma área relacionada ao desenvolvimento agrícola supervisionasse terras protegidas; e 25 dias depois de ter anunciado sua intenção de desregulamentar o setor de mineração porque, com as leis atuais, “o ministro de Minas e Energia está amarrado". Ocorreu três anos depois do rompimento de uma barragem em Mariana, em Minas Gerais, operada pela mineradora Samarco, controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton, com uma torrente de 45 milhões de metros cúbicos de resíduos tóxicos, ter causado a morte de 19 pessoas e contaminado 600 quilômetros do rio. Ocorreu dois anos e meio depois do procurador da República José Adércio Leite Sampaio ter concluído que a mineradora estava ciente dos problemas estruturais da barragem e que, sem repará-la, mesmo assim aumentou o nível de produção. Ocorreu seis meses depois da Vale, três anos após aquela catástrofe, ter aceitado assinar um acordo com o Estado para contribuir para a restauração do meio ambiente e das comunidades afetadas. Ocorreu seis anos depois de, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a Vale ter doado 15 milhões de dólares para a campanha da maioria dos candidatos às eleições presidenciais de 2014. Ocorreu dois meses depois de Bolsonaro ter nomeado Roberto Castello Branco, ex-diretor e economista-chefe da Vale, como presidente da Petrobras. Em 25 de janeiro de 2019, uma barragem da Vale, na cidade de Brumadinho, Minas Gerais, a 120 quilômetros de Mariana, também se rompeu. Doze milhões de metros cúbicos de lama tóxica inundaram 290 hectares, deixando, até o momento, 150 mortos e 182 desaparecidos. Três dias antes, Bolsonaro fez seu primeiro discurso no Fórum de Davos. Disse: "Somos o país que mais preserva o meio ambiente".
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