Incêndio no norte da Califórnia já deixou 42 mortos e mais de 200 desaparecidos
O ‘Camp Fire’, ao norte de Sacramento, é o mais destrutivo e supera o recorde histórico de vítimas. Bombeiros lutam para salvar mansões em Malibu, onde dois cadáveres foram achados
O incêndio que arrasou a localidade de Paradise, no norte de Califórnia, na última sexta-feira, 9, e sábado, 10, é o mais letal da história do Estado. O chamado Camp Fire destruiu 6.700 estruturas, a maioria delas casas. Na busca entre os escombros, 19 cadáveres foram encontrados entre domingo e segunda-feira, o que eleva o total para 42. O incêndio mais mortal do Estado, até hoje, havia sido em 1933. A busca ainda não terminou. Cinco dias após o início do incêndio, ainda há 200 pessoas que estão sendo procuradas por seus parentes e estão listadas como desaparecidas.
O fogo já arrasou 45.000 hectares. A cidade de Paradise (26.000 habitantes) ficou destruída. Dezenas de milhares de moradores permanecem sob ordem de desocupar suas residências.
Na manhã de segunda, as últimas cifras dos bombeiros indicavam que ele está controlado em 25% depois de quatro dias ardendo. Os trabalhos ocorrem sob um clima de pessimismo geral, porque o principal fator causador desses incêndios, os ventos fortes e secos vindos do deserto, se reavivaram no domingo e podem durar até terça. Esses ventos são um fenômeno natural habitual em outubro e novembro na Califórnia. Chamam-se ventos de Santa Ana no sul do Estado, e ventos do diabo no norte. Secam tudo à sua passagem e fazem as faíscas voarem quilômetros, espalhando o fogo a toda velocidade. Dos mortos em Paradise, cinco foram encontrados calcinados em seus carros.
Os ventos deram uma pausa no sábado, o que permitiu às equipes de emergência aspergir retardantes em zonas cruciais no perímetro do incêndio, prevendo que as condições iriam piorar em questão de horas. Assim foi. O vento voltou no domingo, e na segunda-feira eram esperadas rajadas de até 100 quilômetros por hora. Até esta segunda, o fogo tinha consumido 36.000 hectares de montanhas e canyons cheios de mansões e ranchos.
Pelo menos 370 casas foram destruídas. É uma estimativa preliminar, porque os bombeiros ainda não puderam chegar a algumas zonas. O fogo só está controlado em 20%, e os fortes ventos fazem que a prioridade absoluta seja conter sua expansão e salvar vidas, por isso nenhum dos moradores da área foi autorizado a voltar para suas casas por enquanto. Os bombeiros advertiram no domingo que estas não são condições habituais para um incêndio. Ele pode mudar a qualquer momento. Calcula-se que 5.700 casas estão ameaçadas pelo Woolsey Fire, entre elas as mansões de muitos famosos do mundo do espetáculo. Na sexta-feira, o fogo destruiu um rancho que desde 1927 serve de cenário para filmes de faroeste e recentemente foi utilizado para a série Westworld. Nos lugares aonde as equipes de TVs locais conseguiram chegar, há mansões ardendo uma atrás da outra, a toda velocidade. Os moradores dessas zonas vivem há quatro dias a angustiosa incerteza sobre o dano real que o fogo provocou nessas montanhas.
Desde o final de 2017, a Califórnia percebeu que os incêndios se tornaram cada vez maiores e mais destrutivos, batendo sucessivos recordes em poucos meses. O governador do Estado, Jerry Brown, descreveu em dezembro essa situação como “a nova normalidade”. No domingo, quis matizar e disse que era “a nova anormalidade”, que atribui aos verões cada vez mais calorosos e aos outonos com ventos cada vez mais fortes.
Há consenso científico de que a Califórnia está sofrendo as consequências da mudança climática, mas mais em longo prazo. Estes incêndios ocorrem após cinco anos de grave seca, seguidos por um ano muito úmido, que deixou o campo cheio de mato para queimar, além de milhares de árvores mortas. O campo da Califórnia é uma pira pronta para arder a qualquer momento, ao que se soma a secura extrema e incomum, mais a atividade humana em zonas rurais, onde as urbanizações se estendem pela natureza e incrementam o risco de ignição por acidente.
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