A segunda derrota de Dilma Rousseff
Ex-presidenta, que perdeu a disputa pelo senado em Minas Gerais, ficou atrás de três nomes da direita
Em um período de dois anos, Dilma Rousseff passou por duas derrotas promovidas por uma mesma onda conservadora. Primeiro, sofreu um impeachment da Presidência da República por causa de sua inabilidade política junto ao Congresso Nacional. Depois, quando seu retorno ao protagonismo eleitoral era dado como certo, sofreu uma acachapante derrota na disputa ao Senado Federal.
Apontada por todas as pesquisas eleitorais como a candidata campeã de votos em Minas Gerais, ela acabou na incômoda quarta colocação, com 2,7 milhões de votos. Ficou atrás de três candidatos representantes da direita. O primeiro colocado foi um deputado federal do DEM, Rodrigo Pacheco, que chegou aos 3,6 milhões. Mas o que mais incomodou os aliados da petista foi perder para o outsider Carlos Viana (PHS), um jornalista, apresentador de TV, que jamais tinha disputado qualquer cargo político. Viana ancorava programas policiais, é uma espécie de José Luiz Datena de Minas Gerais. Apesar de estar fora do radar político, ele tinha apoio do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, seu correligionário que também foi eleito como uma surpresa em 2016.
“Queríamos nacionalizar a disputa em Minas. Achamos que o embate era contra o PSDB. Perdemos para gente que não tinha experiência nenhuma. É uma lição”, afirmou um dos articuladores da campanha da petista em Minas. Na véspera era comum identificar entre grupos que debatiam política em Minas Gerais uma ação orquestrada para tirar Dilma de uma das vagas do Senado. “Não podemos deixar que os mineiros elejam essa turista”, afirmava uma das correntes de WhatsApp na última semana.
A derrota de Dilma e de seu partido também se refletiu em outros de seus antigos apoiadores no Legislativo. Alguns membros de sua tropa de choque contra o impeachment não conseguiram retornar ao Legislativo. Ficaram de fora do Senado, por exemplo, Roberto Requião (MDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), Angela Portela (PDT-RR) e Jorge Viana (PT-AC). Outros dois deputados que tentaram se eleger senadores de Zeca do PT (MS) e Zé Geraldo (PT-PA) foram derrotados. Para tentar amenizar derrotas, senadores como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lídice da Mata (PSB-BA) disputaram vagas na Câmara e se elegeram. Quem tentou fazer o caminho inverso, sem sucesso, foi Janete Capiberibe (PSB-AP).
Apesar da derrota de nomes chave da tropa de choque de Dilma no Congresso, de maneira geral, o PT não está entre os maiores derrotados foram 13 parlamentares a menos que em 2014, caiu de 70 para 57, conforme um levantamento prévio de consultorias políticas (a apuração não se encerrou totalmente em boa parte dos Estados brasileiros). Entre outras grandes legendas, PSDB e MDB, por exemplo, as perdas foram mais drásticas. Os tucanos caíram de 53 para 29, enquanto que os emedebistas caíram de 66 para 33 eleitos. E, para o alívio de Dilma, o maior articulador de seu impeachment, o senador Romero Jucá (MDB), também saiu derrotado neste domingo.
Entre os tucanos eleitos para a Câmara, está Aécio Neves. Denunciado no Supremo Tribunal Federal por envolvimento com o frigorífico JBS, o candidato à presidência de 2014 teve de rever sua estratégia política com vistas à sobrevivência. Deu alguns passos atrás no tabuleiro político para tentar se reerguer. Seu partido não lhe deu legenda para concorrer ao Senado e o escondeu durante toda a campanha. Ainda assim, obteve pouco mais de 106.000 votos, e foi o 19º mais votado entre os 53 eleitos de seu Estado. Pouco para quem, há quatro anos, superou os 51 milhões na disputa presidencial.
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