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Witzel, o desconhecido candidato ao Governo que coroa a potência de Bolsonaro no Rio

Ex-juiz federal apoiado pela família do presidenciável obtém 41% dos votos, e ultrapassa políticos veteranos como Eduardo Paes

Felipe Betim
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As eleições deste ano consolidaram a família Bolsonaro como potência eleitoral no Estado do Rio de Janeiro. O clã Bolsonaro não conseguiu apenas uma expressiva votação, como também ajudou a promover um candidato completamente desconhecido: o ex-juiz federal Wilson Witzel, do Partido Social Cristão (PSC). Ele começou a disputa para o Governo do Estado com apenas um dígito nas pesquisas, posicionado entre os últimos colocados, mas terminou a jornada eleitoral deste domingo com mais de 41% dos votos, desbancando políticos mais experientes, como Eduardo Paes (DEM), com quem disputará o segundo turno — o ex-prefeito do Rio alcançou 19,56% dos votos.

Witzel entrou na disputa após costurar com Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável, o apoio da família a sua candidatura. No último debate da Globo, pediu ao vivo votos para o presidenciável e ganhou, em troca, uma propaganda no último live feito no Facebook pelo militar reformado antes da campanha. Com isso, alcançou a surpreendente marca de 3,1 milhões de votos neste domingo.

O candidato abandonou em março deste ano a magistratura, à qual se dedicou por 17 anos, para disputar o cargo. É um novato na política que, ao longo da campanha, apresentou um discurso duro para a área de segurança pública, com afirmações de que “bandidos com fuzil devem ser abatidos pela polícia”. Uma declaração controversa quando o Rio vive barbáries como a ocorrida em em setembro deste ano, no morro Chapéu Mangueira —a Polícia Militar confundiu um guarda-chuva com um fuzil e matou com três tiros o garçom Rodrigo Alexandre da Silva Serrano, segundo testemunhas.

No entanto, o ex-juiz, que atuou em várias varas criminais no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, contraditoriamente também defendeu, em entrevista a Folha, uma política de segurança pública com menos confronto. “Essa política de confronto é a pior possível. É a que leva terror às comunidades, que ficam reféns de bala perdida, e colocamos os policiais em risco”, explicou. “O crime está muito mais organizado do que a polícia. Um confronto sem que ele [crime] esteja desmobilizado é uma guerra sem controle. Operações pontuais são bem-vindas, mas com um planejamento prévio”, completou. Ele também defendeu a extinção da Secretaria de Segurança e a elevação das Polícias Civil e Militar ao status de secretaria, com acesso direto ao seu gabinete de Governo.

Um Estado dos Bolsonaro

Foi entre a população fluminense que Jair Bolsonaro conseguiu uma de suas melhores votações para presidente da República —quase 60% do eleitorado optou pelo militar reformado. E junto a sua expressiva votação no Estado, conseguiu promover ainda seu filho Flávio para uma das vagas do Senado — o então deputado estadual conseguiu 4,3 milhões de votos (31,36%), o que o posicionou em primeiro lugar.

A força do capitão reformado no Rio não é exatamente uma novidade: sua jornada começou no Estado, onde sempre manteve domicílio eleitoral. Nas eleições de 2014, foi o deputado federal mais votado, com 464.572 votos. O único família que mantém domicílio eleitoral em outro lugar é o filho Eduardo, deputado federal por São Paulo, que também foi o mais votado do Estado, com 8,75% dos votos.

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