_
_
_
_

Em meio a alta recorde do barril, OPEP prevê seguir dominando mercado energético até 2040

Secretário-geral da organização prevê que fornecimento de gás terá a maior taxa de crescimento, de 35%, e o petróleo, de 16%. A oferta de energias renováveis aumentará 21%

Miguel Ángel Noceda
Mohammad Barkindo, em foto de 11 de abril, na Índia.
Mohammad Barkindo, em foto de 11 de abril, na Índia.Altaf Hussain (REUTERS)
Mais informações
Trump pressiona Arábia Saudita a aumentar a produção de petróleo
Preço internacional do petróleo: OPEP estuda medida que conteria alta
Petrobras, uma gigante convalescente no centro do furacão eleitoral

"O petróleo continuará sendo forte no mix energético do futuro", projetou nesta terça-feira o nigeriano Mohammad Sanusi Barkindo, secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em um fórum realizado em Madri. Além disso, pediu a intensificação do diálogo e da cooperação entre a OPEP e países produtores que não pertencem à organização para combater a mudança climática, "conseguir que a energia seja acessível a todos" e evitar passar de uma crise para outra.

Barkindo, que anunciou as decisões tomadas neste fim de semana na Argélia pela organização, em uma reunião organizada pelo Clube Espanhol de Energia e pela petrolífera Cepsa, destacou que todas as fontes de energia vão crescer a partir de agora até 2040, com exceção do carvão, cujo declínio começará a ocorrer em 2030. Nesse horizonte, o fornecimento de gás terá a maior taxa de crescimento, de 35%, e o petróleo, de 16%. A oferta de energias renováveis aumentará em 21%, enquanto a hidráulica, em 4%; o fornecimento de energia nuclear crescerá 10%, e o de biomassa, 9%.

A esse respeito, Barkindo acrescentou que o petróleo e o gás responderão por 53% do total (28% e 25%, respectivamente) comparados aos 54% (32% e 22%, respectivamente) em 2015. Ou seja, embora o petróleo continue liderando, sua participação diminuirá em relação ao gás e outras fontes, como hidrelétricas e energias renováveis, enquanto a parcela do carvão cairá de 28% para 22%.

O secretário-geral da OPEP destacou que todos os países da organização assinaram o Acordo de Paris, por se sentirem comprometidos na luta contra a mudança climática. E, então, lançou a questão de como garantir que haja oferta suficiente para satisfazer uma demanda que, segundo as previsões da OPEP, crescerá 33% de 2017 a 2040, com impacto especial nos países em desenvolvimento. Barkindo também ressaltou a necessidade de atender a essa demanda de forma sustentável diante de uma população que somará 9 bilhões de pessoas, das quais 1 bilhão não têm acesso à eletricidade.

Fortes investimentos

Para Barkindo, os países enfrentam o desafio de possuir energia em todas as fontes, melhorando a eficiência e produzindo energia mais limpa com as tecnologias apropriadas. Em sua opinião, a solução depende de um "esforço coletivo necessário" para tornar a energia acessível a todos. Nesse sentido, pediu a colaboração entre os países membros e não membros da organização: caso contrário, a consequência seria uma crise após a outra, lembrando o impacto que a crise anterior teve sobre o setor.

De acordo com dados da OPEP, a demanda subirá de 97,2 milhões de barris por dia para 111,7 milhões entre 2017 e 2040, elevando a produção de petróleo de 4,5 milhões de barris/dia para 22 milhões de barris/dia em 2040. Essa preponderância continuará a ser marcada pelo transporte, tanto rodoviário quanto de aviação, com um crescimento médio de 8,2%, e pela indústria petroquímica, com um aumento de 4,5%. Com isso, o veículo elétrico ficará com 13% de participação.

A maior demanda e a necessidade de um fornecimento universal, bem como a adaptação às novas tecnologias para combater as mudanças climáticas, levarão a elevados investimentos no setor, que somarão 11 bilhões de dólares (cerca de 45 bilhões de reais) no período de 2017 a 2040. Isso, em sua opinião, é significativo porque mostra uma mudança de tendência após dois anos (2015 e 2016) de cortes de investimentos.

Petróleo em nível recorde

A constatação ocorre em um momento em que as cotações de petróleo superam as máximas dos últimos quatro anos, superando 82 dólares por barril. Desde janeiro, o preço do barril tipo Brent subiu 20% e, depois encostar na barreira dos 80 dólares repetidamente nos últimos dias, parece que a reunião dos membros da OPEP realizada este fim de semana na Argélia deu fôlego para a continuidade da tendência de alta. A cotação do barril tipo WTI, referência nos EUA, atingiu 72 dólares.

A reunião na Argélia adiou o debate sobre um eventual aumento na produção, apesar do impacto que as sanções ao Irã e a crescente participação de mercado dos Estados Unidos poderia ter sobre a oferta. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, divulgou num tuíte o apoio do Governo norte-americano aos países do Oriente Médio em relação às cotações do petróleo e tem repetidamente pedido à OPEP para baixar os preços.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_