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#MeQueer, histórias de assédio e discriminação contra a comunidade LGBTI+

“Beijar um homem em público. Antes de fazer isso, pare e olhe em volta”. Uma tag no Twitter reúne relatos de preconceitos sofridos por pessoas LGBTI+

Emilio Sánchez Hidalgo

Que inconscientemente você olhe para os lados antes de dar um beijo. Que seus avós morram sem você ter dito a eles quem você ama. Que te joguem pedras quando você der a mão ao seu parceiro. Com a tag #MeQueer, milhares de pessoas LGBTI+ estão contando histórias de discriminação e assédio no Twitter. Estes são alguns exemplos.

A hashtag em inglês circula com mensagens em espanhol desde sexta-feira, 24 de agosto. No dia 13, conforme explica a agência Reuters, foi usada pela primeira vez por um usuário alemão do Twitter. “Meu marido é meu marido e não meu companheiro. Quando isso vai acabar”, tuitou Hartmut Schrewe.

Schrewe conta à Reuters que postou sua mensagem depois que seu marido o descreveu como um “colega” em uma conversa telefônica com um companheiro de trabalho. Seu tuíte teve pouca repercussão, mas, como explica o BuzzFeed Germany neste artigo, a hashtag foi usada por outros usuários. Também foi usada por tuiteiros de língua inglesa. Na Espanha, a hashtag começou a se difundir depois de ter sido usada pelo jornalista Rubén Serrano, que escreveu um artigo sobre o impacto dela em outros países.

Em 24 de agosto, a hashtag tornou-se o primeiro trending topic na Espanha. Milhares de pessoas contaram suas histórias em primeira pessoa. Entre elas está o secretário-geral do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), Miquel Iceta: “Faz muito tempo, mas eu me lembro como se fosse ontem: entrando com um amigo na parte pouco iluminada de um pub, fomos abordados por um garçom que nos disse: ‘aqui não, é para casais’”.

A divulgação desses depoimentos lembra outros fenômenos parecidos na internet, como as histórias de machismo, assédio e agressões sexuais sob a hashtag #MeToo, com a mesma estrutura que a #MeQueer. Na Espanha, depois da libertação condicional de condenados do caso La Manada, crime de estupro coletivo que gerou grande repercussão no país, muitas mulheres contaram mais histórias parecidas com a hashtag #Cuéntalo. No Brasil, as #primeiroassédio e #amigosecreto também trouxeram à tona casos de abuso contra as mulheres. Os depoimentos da #MeQueer explicam, por exemplo, como é difícil a infância e a adolescência para a comunidade LGBTI+.

Como pode ser visto nos depoimentos coletados sob a hashtag #MeQueer, muitas pessoas continuam sofrendo agressões devido à orientação sexual. Na Espanha, o Relatório de Crimes de Ódio contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais de 2017, elaborado pelo Observatório Madrilenho Contra a Homofobia, Transfobia e Biofobia, indica que na Comunidade de Madri foram registrados 321 incidentes em 2017, quase um por dia. O perfil da vítima é um homem gay de cerca de 20 anos que é atacado na rua.

O Ministério do Interior espanhol publicou um tuíte com a hashtag e a seguinte mensagem: “O amor não é crime. O assédio ou a discriminação por sua orientação sexual, sim. Que ninguém te impeça de amar como você quiser. Denuncie”. Alguns tuítes explicam como é difícil para a comunidade LGBTI+ enfrentar a discriminação e o silêncio dentro da família.

A situação é ainda mais preocupante em outros países. Este artigo do EL PAÍS apresenta vários estudos que indicam como a Espanha é um dos países que mais respeita a homossexualidade. De acordo com este estudo realizado pela Pew Research em 2013, 88% dos espanhóis dizem que a sociedade deve aceitar a homossexualidade, à frente de Alemanha (87%), Canadá (80%), França (77%), Itália (74%), EUA (60%), Grécia (53%), Polônia (42%), China (21%) e Rússia (16%).

Ler os depoimentos compartilhados sob essa hashtag surpreendeu muitos tuiteiros, especialmente os heterossexuais. Vários usuários utilizaram o seguinte desenho do ilustrador Dani Garrido para divulgar seus depoimentos.

Leia abaixo outras histórias com a tag #MeQueer.

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