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David Silva se aposenta da seleção espanhola e encerra era do ‘tiki-taka’

Com seu adeus, se vai o último dos baixinhos símbolos do estilo de jogo que fez a Espanha dominar o futebol mundial

David Silva com a braçadeira de capitão.
David Silva com a braçadeira de capitão.AITOR ALCALDE (GETTY)
Ladislao J. Moñino
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David Silva, 32 anos, era o último membro fundador do simbólico meio-campo da Espanha que, com o estilo de jogo conhecido como tiki-taka, conquistou a Eurocopa de 2008, a Copa do Mundo de 2010 e de novo o torneio europeu, em 2012. Ele anunciou ontem, com uma carta, sua aposentadoria da seleção. Com o adeus de Xavi depois da Copa do Mundo do Brasil em 2014, com o mais recente de Andrés Iniesta, e com Cesc Fábregas fora das convocações desde a era Julen Lopetegui, a decisão de Silva põe a fim a esse quarteto de meias conhecido como "os baixinhos". Quatro finos artistas que inspiravam Luis Aragonés, treinador de 2004 a 2009 da Espanha. Daquele primeiro sucesso em 2008, que impulsionou a seleção espanhola aos seus maiores títulos, só Sergio Ramos deve continuar.

“Não é fácil, depois de tudo que vivi, sentar e escrever estas linhas. Foram dias e semanas de análises e reflexões para tomar a decisão de terminar minha etapa na seleção espanhola de futebol. Sem dúvida, é uma das decisões mais difíceis de minha carreira que comunico com agradecimento e humildade”, escreveu Silva no começo da carta. “Vou feliz por tudo que conquistei. Vivi e sonhei com uma equipe que será lembrada para sempre e ponho fim a uma etapa carregada de emoção por todos os momentos que me vêm à memória, como a figura de Luis Aragonés, um professor de quem nunca esqueceremos”, prosseguiu Silva.

O jogador do Manchester City foi uma peça fundamental na revolução de Aragonés. Não foi titular naquela partida de outubro de 2007 na Dinamarca (3 a 1), a primeira grande exibição dos baixinhos que encaminhou a classificação para a Eurocopa 2008, que já proporcionou admiração de todo o mundo pelo toque de bola. Nas semifinais da Euro com a Rússia (3 a 0), Silva liderou o jogo que, quiçá, junto da final da Eurocopa de 2012 (4 a 0 na Itália), foi a melhor partida da Espanha desse ciclo tão bem sucedido. “Luis disse que nessa partida contra Rússia, Silva foi o melhor. Contra um montão de russos que mediam mais de 1,80 metros, ganhou até as bolas de cabeça. O professor dava liberdade para ele jogar onde se sentisse confortável. Às vezes dizia que era o melhor de todos os jogadores que tinha”, lembra Jesús Paredes, preparador físico na etapa de Aragonés à frente da seleção. A Copa do Mundo de 2010 talvez seja a grande mancha de Silva em sua carreira pela seleção. Antes da Copa, Vicente del Bosque, substituto de Aragonés, chegou a afirmar: “Silva pode ser nosso Messi”. No entanto, a derrota para a Suíça (1 a 0) na estreia tirou a titularidade dele no resto do torneio. Del Bosque encontrou uma equipe na qual ele não fazia parte.

A Eurocopa de 2012 serviu como revanche. Ali, foi um jogador determinante. Na final em Kiev, contra a Itália, fez um gol e contribuiu para a exibição de Fàbregas como falso nove, certificando que esse estilo de jogo pertencia aos meias baixinhos. Em suas 135 partidas pela Espanha, Silva anotou 35 gols. Só superam ele David Villa (59), Raúl (44) e Fernando Torres (38). Foi o segundo maior goleador da era Del Bosque e o primeiro na de Julen Lopetegui.

No pessoal, Silva foi afetado durante o último ano pelo nascimento de um filho prematuro, para quem dedica toda a sua atenção. Sua retirada da seleção acontece em um contexto esportivo no qual continua sendo um jogador indiscutível para Pep Guardiola no City, mas na seleção começava a sentir que o estilo já não se ajustava tanto a suas preferências. O futebol dos baixinhos foi único.

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