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As ‘fadas madrinhas’ que traficavam transexuais do Brasil para a Europa

Quadrilha prometia procedimentos estéticos e participação em concursos de beleza, mas entregava exploração sexual e 'escravização' de suas vítimas

Pelo menos 11 pessoas foram traficadas pela quadrilha para a Itália em 2017
Pelo menos 11 pessoas foram traficadas pela quadrilha para a Itália em 2017Divulgação/Polícia Federal
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Foi apelidada de “Fada madrinha” a operação deflagrada nesta quinta-feira, 9, no interior de São Paulo, em Minas Gerais e em Goiás, contra uma quadrilha suspeita de tráfico internacional de transexuais para exploração sexual. O nome foi inspirado nas promessas que os criminosos faziam a suas vítimas, que incluíam a realização de procedimentos estéticos e o impulsionamento de uma carreira na Europa. Pelo menos 11 pessoas foram levadas à Itália em 2017 dentro do esquema.

De acordo com o Ministério Público Federal – responsável pela operação junto à Polícia Federal e ao Ministério Público do Trabalho, – os alvos dos cinco mandados de prisão utilizavam as redes sociais para aliciar transexuais com o compromisso de fazê-las participar de concursos de beleza na Europa. Proprietários de repúblicas e pensionatos, alguns dos investigados ofereciam procedimentos cirúrgicos para que as vítimas assumissem corpos femininos antes de viajarem. No entanto, para se hospedarem nos locais e financiarem a transição corporal, as vítimas adquiriam dívidas altíssimas e se tornavam prisioneiras dos criminosos, sendo mantidas em condição análoga à de escravidão. O endividamento era agravado pelo superfaturamento de intervenções estéticas e pelos altos valores cobrados para o envio das vítimas ao exterior.

As investigações apontam, segundo a PF, que as vítimas, ao chegarem à cidade de Franca, no interior de São Paulo, em busca das promessas que lhes foram feitas, também eram submetidas à exploração sexual.

A quadrilha também é suspeita de aplicar silicone industrial nas transexuais para modelagem de bocas, quadris e mamas. O emprego corporal da substância, utilizada para lubrificar máquinas e motores, é proibido pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, pois pode causar necrose, embolia, deformidades e até a morte. Nos casos apurados, há relatos de vazamentos do silicone e deformação corporal. As investigações indicam ainda o uso de próteses mamárias reutilizadas, vencidas ou de baixíssima qualidade nas vítimas.

Os cinco mandados de prisão preventiva e mais oito de busca e apreensão são cumpridos nos municípios de São Paulo, Franca (SP), Leopoldina (MG), Aparecida de Goiânia, Goiânia, Jataí e Rio Verde (GO).

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