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Dezenas de mortos em novo terremoto na ilha indonésia de Lombok

Autoridades retiraram o aviso de tsunami que haviam emitido após o tremor

Destroços causados pelo terremoto no domingo em Senggigi, na ilha de Lombok.
Destroços causados pelo terremoto no domingo em Senggigi, na ilha de Lombok.Macarena Vidal Liy

Pelo menos 91 pessoas morreram em um novo terremoto que atingiu no domingo a turística ilha de Lombok, localizada na Indonésia, de acordo com fontes oficiais. As mesmas fontes disseram que ainda não há dados sobre o número de feridos. Há uma semana um tremor de magnitude 6,4 causou na mesma ilha a morte de pelo menos 16 pessoas e 355 feridos.

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“De acordo com a informação mais recente, 19 mortos estão no Hospital de Tanjung (ao norte de Lombok)”, disse o porta-voz das equipes de resgate de Mataram, a principal cidade da ilha. As vítimas incluem um menino de um ano e um homem de 72. Pelo menos 52 pessoas ficaram feridas, acrescentou. O chefe regional da Agência de Gestão de Desastres, Mohammad Rum, afirmou que parte das vítimas faleceu no momento do terremoto pela queda de edifícios e outras morreram no hospital, disseram veículos de comunicação locais.

Nesse domingo, o tremor teve magnitude de 7 e foi registrado a uma profundidade de 10 quilômetros, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, em um local situado 2,4 quilômetros a leste de Loloan, um povoado no norte da ilha.

Michael Dempsey, um consultor irlandês de 53 anos, saía de um mercado quando tudo começou a tremer. “Os produtos caíam das prateleiras, os muros rachavam. Os funcionários do mercado gritaram para que todo mundo corresse. Uma das vendedoras, visivelmente alterada, começou a chorar”, diz Dempsey. “Alguns rezavam em voz alta Allahu akbar, allahu akbar [Alá é grande]. O teto do mercado, de ferro corrugado, fazia um ruído terrível. Era evidente que havia sido algo muito forte", afirma. “A eletricidade acabou. E, de repente, todo mundo estava nas ruas”.

A Agência Nacional de Gestão de Desastres retirou o aviso de tsunami emitido pouco depois do terremoto. Só foram registrados maremotos de pouca intensidade, que entraram em terra com alturas de 10 a 13 centímetros, afirmou o órgão indonésio.

A terra começou a tremer às 19h46, hora local (8h46 de Brasília), no segundo terremoto que assola a região em plena alta temporada para o setor turístico. Na localidade de Senggigi, o principal centro turístico da ilha, ocorreram momentos de pânico entre a multidão de turistas que estão de férias na ilha.

A intensidade do tremor foi crescendo até afetar os telhados dos edifícios e provocar uma saída precipitada dos prédios, em que muitas pessoas ficaram feridas com cortes e contusões. Uma sirene soou e os indonésios indicaram imediatamente aos estrangeiros que fugiam dos edifícios que deveriam se dirigir às áreas altas da ilha por caminhos bem sinalizados em uma região onde os tremores de terra e o risco de tsunami são frequentes.

O hotel de Dempsey era o único prédio com luz na região, mas ele não pôde voltar ao seu quarto. “Os encarregados da segurança estavam mandando as pessoas à montanha, pelo alerta de tsunami. Subimos monte acima, quatorze metros, e lá esperamos até que nos avisaram de que o alerta de tsunami havia terminado”, diz.

Entre lágrimas, funcionários dos locais turísticos tentavam contatar seus parentes por telefone na escuridão, já que o terremoto deixou sem energia elétrica boa parte da região turística. Com a retirada do alerta de tsunami a ilha começou a recuperar a tranquilidade, ainda que grupos de pessoas se mantiveram nas colinas por medo das réplicas.

A rua principal de Senggigi ficou coberta de escombros, ainda que a maioria dos edifícios tenha permanecido de pé. Também foram registrados danos materiais na maior cidade da ilha, Mataram, já deteriorada pelo último terremoto. “Os edifícios da cidade de Mataram foram os principais danificados”, declarou o porta-voz da Agência Nacional de Administração de Desastres Sutopo Purwo Nugroho.

O ministro do Interior de Singapura afirmou que ocorreram cenas de pânico e danos no hotel em que ele estava hospedado em Mataram. “Estava em meu quarto, no décimo andar, trabalhando em meu computador. De repente o quarto balançou violentamente, abriram-se fendas na parede, era praticamente impossível ficar de pé. Escutei gritos”, disse Shanmugan em sua conta no Facebook.

“Por favor, dirijam-se a lugares altos mantendo a calma e sem pânico”, disse a uma televisão local o diretor da agência indonésia de meteorologia, climatologia e geofísica, Dwikorita Karnawati, informou a agência AFP, pouco depois do primeiro tremor.

Após o tremor de magnitude 7 foram registrados outros dois de menor intensidade, um deles de magnitude 5,4, e vinte réplicas.

O tremor também foi sentido durante vários segundos em Bali, o principal destino turístico da Indonésia, onde as pessoas saíram correndo de suas casas, hotéis e restaurantes. “Todos os hóspedes do hotel saíram correndo e eu fiz o mesmo”, disse à agência Reuters Michelle Lindsay, uma turista australiana. A terra também tremeu na ilha de Sumbawa e na província de Java Oriental.

A ilha de Lombok, dominada pelo vulcão Rinjani, está a leste de Bali. Lombok é um destino turístico ainda menos popular do que sua vizinha, mas a chegada de visitantes continua sendo uma tendência crescente nas últimas temporadas.

Em 29 de julho, um terremoto e suas réplicas posteriores causaram danos em mais de mil edifícios. O vulcão, uma das grandes atrações turísticas da ilha e o segundo mais alto da Indonésia, permaneceu fechado desde então, de modo que a princípio é improvável que existam montanhistas presos, como aconteceu no tremor anterior.

A destruição em Lombok e Mataram indica que o terremoto causou grandes danos nos pequenos povoados da região norte da ilha, mais próximos ao epicentro do tremor, dos quais ainda não se tem notícia. Numerosos carros de polícia e alguns caminhões do Exército cruzaram Senggigi durante a noite em direção ao norte.

A Indonésia está localizada sobre o chamado Anel de Fogo do Pacífico, uma área de grande atividade sísmica e vulcânica atingida por aproximadamente 7.000 tremores por ano, a maioria de intensidade moderada. Em 2004, um terremoto próximo ao litoral noroeste da ilha indonésia de Sumatra causou um tsunami que deixou pelo menos 280.000 mortos em uma dúzia de países banhados pelas águas do Oceano Índico, a maioria na Indonésia.

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