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Cambridge Analytica, empresa pivô no escândalo do Facebook, é fechada

A perda de clientes e os altos custos jurídicos relacionados com o vazamento de dados pessoais pela rede social provocaram a decisão de fechar a companhia

Pablo Guimón
A entrada do escritório da Cambridge Analytica em Londres.
A entrada do escritório da Cambridge Analytica em Londres.Getty
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A empresa de dados Cambridge Analytica, a consultoria que desempenho um papel central no escândalo do vazamento maciço e uso não autorizado de dados pessoais do Facebook, anunciou seu fechamento nesta quarta-feira. A companhia britânica, que trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump, vai iniciar os procedimentos para decretar falência. O mesmo se dará com todo o grupo SCL, ao qual pertence.

A empresa está envolvida em um escândalo desde que, em meados de março, uma investigação jornalística de The Guardian e The New York Times revelou que dados pessoais de até 50 milhões de norte-americanos tinham sido obtidos irregularmente do Facebook e utilizados de modo indevido para fins eleitorais. O escândalo deixou também em apuros a todo-poderosa empresa de tecnologia dos Estados Unidos, que se viu obrigada a revisar suas condições de privacidade e a gestão das informações pessoais que os usuários colocam na rede social.

A Cambridge Analytica alega inocência e se diz “vilipendiada por atividades que não só são legais, como também amplamente aceitas como um componente padrão da publicidade online, tanto no campo político como no comercial”. “Apesar da firme confiança da Cambridge Analytica em que seus funcionários atuaram de maneira ética e legal, o assédio da cobertura midiática afastou todos os clientes e provedores da companhia”, explica a consultoria em um comunicado. “Como resultado, decidiu-se que já não é viável continuar operando o negócio.”

Um dos proprietários da empresa é o bilionário norte-americano Robert Mercer, financiador da campanha de Trump e um dos incentivadores da chamada direita alternativa dos Estados Unidos, que ajudou a levar o candidato republicano à Casa Branca.

Os problemas da Cambridge Analytica começaram quando seu ex-diretor de Tecnologia, Christopher Wylie, canadense de 28 anos, contou à imprensa que a companhia tinha comprado dados de milhões de usuários do Facebook sem o consentimento deles. Os dados foram obtidos por meio de um aplicativo de perfil psicológico desenvolvido por um pesquisador da Universidade Cambridge, explicou Wylie, e que permitia ter acesso a informações não apenas de quem utilizava a ferramenta, mas também de seus amigos.

Os dados recolhidos foram supostamente entregues à Cambridge Analytica, rompendo as normas do Facebook. Wylie denunciou que a informação obtida foi usada para traçar perfis de eleitores e lhes dirigir propaganda política personalizada e notícias falsas. Isso lhes permitiu, segundo Wylie, influenciar nas eleições norte-americanas e, também, por intermédio de empresas vinculadas, em outros processos eleitorais, como o referendo do Brexit.

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