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Colaborador de vereador ouvido em caso Marielle é morto no Rio

Carlos Alexandre Pereira Maria foi morto a tiros. Seus assassinos teriam gritado que era preciso "calar a boca dele"

O colaborador parlamentar Carlos Alexandre Pereira Maria.
O colaborador parlamentar Carlos Alexandre Pereira Maria.
Gil Alessi

O assassinato a tiros de Carlos Alexandre Pereira Maria, 37, na noite de domingo, colocou nos holofotes novamente a situação da violência no Rio de Janeiro à sombra da atuação das milícias. O corpo de Alexandre foi encontrado por volta das 22h crivado de balas dentro de um carro abandonado na estrada Curumau, no bairro Taquara, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Trata-se de uma das mais notórias áreas sob o domínio dos grupos paramilitares. Ele era colaborador do vereador carioca Marcello Siciliano (PHS), que foi ouvido na última sexta-feira na condição de testemunha no inquérito que investiga o assassinato da também vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes. O parlamentar do PHS já foi citado em um relatório da Polícia Civil sobre a influência das milícias em Jacarepaguá nas eleições de 2014.

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De acordo com o jornal Extra, testemunhas relataram que antes de disparar contra Alexandre os pistoleiros disseram que era preciso “calar a boca dele”, um indicativo de que o assassinato seria queima de arquivo -  ou de assim fazer crer. Uma das linhas de investigação apura a relação do colaborador com grupos milicianos e com o vereador Siciliano. O parlamentar divulgou nota lamentando a morte de Alexandre. "Foi com grande pesar que recebi a notícia de falecimento do nosso colaborador Carlos Alexandre Pereira. Durante o tempo em que esteve conosco ele fez tudo pela sua localidade e estava sempre disponível para ajudar no que fosse necessário. Eu me solidarizo com a dor dos familiares e amigos", disse.

O vereador foi um dos oito membros da Câmara do Rio chamados para depor sobre o caso Marielle - todos na condição de testemunhas. A possível relação entre milicianos e os assassinos de Marielle e Gomes foi inicialmente levantada em função do alto grau de profissionalismo dos criminosos, que indicava um treinamento anterior ou na polícia ou no Exército. Além disso, ela trabalhou na CPI das Milícias na condição de assessora do deputado estadual fluminense Marcelo Freixo (PSOL), e era crítica frequente dos abusos cometidos por policiais militares contra moradores das favelas.

A suspeita da participação de milicianos na morte de Marielle e seu motorista foi reforçada após reportagem do portal The Intercept afirmar que a polícia havia descoberto o celular do motorista que dirigia o carro de onde partiram os disparos que mataram a psolista. Com esse dado em mãos, as autoridades que investigam o caso conseguiram na Justiça a autorização para a quebra do sigilo de outros aparelhos telefônicos, dentre eles o de alguns vereadores. O Intercept também já havia antecipado que vários milicianos estiveram na Câmara Municipal na semana que antecedeu o assassinato de Marielle e Gomes – alguns deles, inclusive, que já haviam sido citados na CPI das Milícias e já haviam cumprido pena.

Até o momento as investigações da morte de Marielle e Gomes continuam em sigilo. No domingo o coronel Carlos Cinelli, porta-voz do Comando Militar do Leste, disse em que não está descartado o envolvimento de milicianos no crime, e que “o general Braga Netto [interventor militar do Rio] comentou que houve avanços nesta última semana e é possível que haja alguma correlação”.

As operações da intervenção no Rio têm sido criticadas por focar apenas em territórios ocupados por traficantes, sem agir nas áreas controladas por milícias. Estima-se que cerca de 160 comunidades no Estado estão nas mãos destes grupos: o maior deles é o chamado de Liga da Justiça, criado no final da década de 1990. No sábado a polícia prendeu 149 pessoas em uma festa em Santa Cruz, zona oeste do Rio, organizada por esta milícia – ao menos quatro pessoas morreram. O chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, chamou a operação de “o mais duro golpe contra as milícias no Estado”. Soldados do Exército e um bombeiro foram presos na ação. As investigações contra o grupo começaram há mais de um ano.

A relação entre milicianos e políticos no Rio é antiga: desde 2007 ao menos cinco parlamentares da Câmara e da Assembleia já foram presos por seu envolvimento com grupos paramilitares.

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