José Yunes, Coronel Lima: PF prende homens de confiança de Temer
Antonio Celso Grecco, dono da empresa Rodrimar, e o ex-ministro Wagner Rossi também foram presos
Dois homens do círculo mais próximo do presidente Michel Temer, o ex-assessor especial da Presidência José Yunes e o ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo João Batista Lima, foram presos na manhã desta quinta-feira, 29 de março, em operação deflagrada pela Polícia Federal. O coronel Lima apareceu nas tramas de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato, acusado de ser um intermediário do presidente. Já o advogado José Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência em 2016 ao ser citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Segundo o delator, parte dos 10 milhões de reais repassados em 2014 ao MDB teriam sido pagos no escritório de Yunes – fato que ele nega.
Também foram presos nesta quinta-feira o empresário Antonio Celso Grecco, dono da empresa Rodrimar, que opera no porto de Santos; o ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal Wagner Rossi (MDB). O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso tem um inquérito aberto para investigar se Temer favoreceu a empresa Rodrimar em um decreto sobre os portos aprovado em maio do ano passado. No decurso desse inquérito, Barroso quebrou o sigilo bancário de Temer, a primeira vez que foi tomada uma medida semelhante com um presidente no Brasil. A polêmica sobre essa investigação acabou derrubando o então diretor-geral da PF, Fernando Segovia. Em fevereiro, Segovia foi intimado por Barroso após insinuar, em uma entrevista à agência Reuters, que o inquérito sobre o Porto de Santos ia ser arquivado.
O ministro da articulação política do governo, Carlos Marun, se pronunciou nesta manhã sobre a operação. "A prisão de dois amigos do presidente é uma situação em relação a qual não temos um conhecimento específico dos motivos que levaram a ela, mas o que nós temos é uma certeza. A certeza de que o decreto dos portos não beneficia a Rodrimar", afirmou em coletiva de imprensa em Florianópolis (SC). "É como se estivessem investigando o assassinato de quem não morreu. O decreto não beneficiou a Rodrimar e estará esclarecida a absoluta inocência do presidente", completou o ministro.
As prisões, confirmadas ao EL PAÍS pela Procuradoria-Geral da República (PGR), são parte da Operação Skala, deflagrada em São Paulo e no Rio de Janeiro e autorizada pelo ministro Barroso. A Polícia Federal informou que não vai se manifestar “a respeito das diligências realizadas na presente data” por determinação do Supremo.
Advogado de Yunes, José Luis Oliveira Lima considerou a prisão de seu cliente ilegal e disse ser uma violência contra a cidadania. “É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar”, disse Lima em nota.
Também em nota os advogados do ex-ministro Wagner Rossi criticaram as "abusivas medidas tomadas" e lembraram que até agora ele nunca foi chamado a depor embora "poder ser facilmente encontrado para qualquer esclarecimento". O ex-ministro, disse a nota, "aposentou-se há sete anos" e desde então "nunca mais atuou profissionalmente na vida pública e privada" nem participou em campanhas eleitorais. Rossi foi ligado as operações no Porto de Santos na delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS. Joesley afirmou em seu depoimento na PGR que Rossi teria lhe confessado que "era afilhado político de Michel Temer e operava com ele no Porto de Santos" na época em que o ex-ministro era presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Já a relação do coronel Lima com o Porto de Santos vem através de uma empresa de engenharia, Argeplan, que teria participado em contratos públicos da administração portuária.
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