_
_
_
_

Pobreza na Argentina cai para 25,7%, quase cinco pontos em um ano

Macri diz que o país está “no caminho certo”, embora o Governo não consiga conter a inflação

Federico Rivas Molina
O presidente argentino, Mauricio Macri.
O presidente argentino, Mauricio Macri.Reuters
Mais informações
Macri reage à piora de humor dos argentinos e corta 25% dos cargos de confiança
Enquanto Brasil é advertido por atrasar reformas, Argentina sofre com a inflação

A economia argentina obriga Mauricio Macri a bancar o equilibrista. Uma boa notícia é seguida de outra má e vice-versa. Hoje houve um bom exemplo disso. O Indec, instituto que elabora as estatísticas oficiais, divulgou uma redução no índice de pobreza para 25,7% da população durante o segundo semestre de 2017, quase cinco pontos em um ano e ainda mais distante daqueles 32,2% de setembro de 2016, que o presidente considerou o limite a partir do qual sua gestão deveria ser avaliada. Macri se referiu ao novo número e o considerou uma evidência do sucesso do seu modelo econômico. Mas foi uma comemoração pela metade: horas antes, o ministro da Energia, Juan José Aranguren, havia anunciado um aumento entre 28% e 40% no preço do gás consumido pelas famílias. A conta de gás dobrou desde dezembro, um duro golpe na batalha que Macri trava contra a inflação. A previsão é de que março termine com uma alta de preços próxima de 2%, com uma alta acumulada de 6,2% desde janeiro e de 25% nos últimos 12 meses. A meta do Governo para 2018 é de 15%, número que já havia sido corrigido em três pontos. Hoje parece um objetivo simbólico, porque Macri não pode com a inflação.

Os aumentos das tarifas de gás, eletricidade, água, pedágios e transporte fazem parte da guerra do Governo contra os subsídios, uma política que durante o kirchnerismo permitiu controlar o preço dos serviços, mas com grande custo fiscal. Em dezembro de 2015, quando Macri assumiu, 85% da conta de gás era subsidiada pelo Estado. Hoje, esse percentual chega a 30% e a intenção oficial é que chegue a zero em dezembro de 2019. “De 2003 a 2015, o sistema energético foi irresponsavelmente subsidiado. Cerca de 24 bilhões de dólares foram destinados exclusivamente a subsidiar o consumo de gás na Argentina”, disse Aranguren durante a entrevista coletiva em que anunciou os aumentos. O problema é que cada nova redução de subsídio implica um aumento das tarifas, com seu consequente impacto na inflação.

O gás aumentou em dezembro, subirá em abril e voltará a subir em outubro. Durante o fim de semana o transporte subirá, na próxima semana será a vez do combustível, em maio será a água e em agosto a eletricidade. Em dezembro, outro aumento das tarifas de transporte é esperado. O outro lado dessa “adequação tarifária”, como o Governo chama o processo, é a inflação.

O mês de fevereiro fechou com uma alta de preços de 4,2% e uma taxa de 25,4% nos últimos 12 meses. Segundo projeções privadas, o IPC de março será de 2%, percentual que deixará o índice do primeiro trimestre acima de 6%. Parece difícil que o Governo consiga cumprir a meta de 15% para todo o ano de 2018, embora espere que a inflação caia no segundo semestre. Além disso, a inflação também atinge duramente os pobres: o Indec confirmou que a cesta básica de fevereiro, usada para determinar a linha de indigência, subiu 2,9% em fevereiro, cinco décimos acima do índice geral de preços.

Nesse contexto negativo, o dado positivo sobre a pobreza anunciado por Macri é ainda mais relevante. Da residência de Olivos, ele disse que em março 25,7% dos argentinos estarão abaixo da linha de pobreza, contra 28,6% em fevereiro, o equivalente a 13 milhões de pessoas. “É uma notícia que nos dá esperança porque confirma que estamos no caminho certo”, disse Macri, embora tenha admitido que ainda falta muito para erradicá-la. A redução da pobreza é o mais recente dado positivo de uma série que começou na semana passada, quando o instituto de estatística indicou que o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 2,9% em 2017, contra uma queda de 2,3% em 2016. O aumento interanual do último trimestre do ano foi de 3,9%. Também houve boas notícias em relação aos índices de emprego: 7,2% dos argentinos não têm trabalho hoje, a menor porcentagem desde que Macri chegou ao poder, há pouco mais de dois anos. A grande batalha, é claro, é a inflação.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_