_
_
_
_

Ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont é detido na Alemanha

Líder catalão foi interceptado na fronteira com a Dinamarca após a ativação da ordem de prisão europeia contra ele

Ana Carbajosa
O ex-presidente catalão Carles Puigdemont.
O ex-presidente catalão Carles Puigdemont.Juanjo Galán (EFE)
Mais informações
Guardiola é multado em 90.000 reais por usar símbolo político
Rei da Espanha conclama novo Parlamento catalão a respeitar pluralidade
Independentistas da Catalunha derrotam Governo espanhol em eleição com participação recorde

A polícia alemã prendeu neste domingo o ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, após este atravessar de carro a fronteira com a Dinamarca. A Justiça espanhola havia conseguido a ativação da ordem de prisão europeia contra ele. O advogado do dirigente catalão, Jaume Alonso-Cuevillas, informou na manhã do mesmo dia que seu cliente foi “detido” para comprovações, mas a polícia federal confirmou à agência alemã de notícias DPA que Puigdemont foi preso às 11h19 (6h19 de Brasília) em Schuby, no Estado alemão de Schleswig-Holstein, o único com fronteira com a Dinamarca. O Código Penal da Alemanha, um dos países com os quais a Espanha tem cooperação judicial mais ativa, contempla penas que vão dos dez anos de cadeia à prisão perpétua por crimes semelhantes aos quais Puigdemont é acusado na Espanha.

Puigdemont, foragido da Justiça espanhola, foi abordado às 11h17 (6h17 de Brasília) na rodovia A-7, direção sul, e ficou à disposição policial, de acordo com informações do porta-voz da Polícia Criminal do Land de Schleswig-Holstein, Uwe Keller. Os agentes detiveram Puigdemont na localidade de Jagel, ao acabar de cruzar de carro a fronteira alemã com a Dinamarca em direção a Hamburgo, onde tinha a intenção de voltar à Bélgica. Puigdemont foi levado à delegacia. Agora, o caso será conduzido pela promotoria da cidade de Schleswig. O ex-presidente se encontra em situação de “prisão provisória”.

O carro de Puigdemont, um Renault Espace com matrícula belga, foi visto pelos agentes alemães da Polícia Criminal de Schleswig na localidade de Jagel. O ex-presidente estava acompanhado por outras quatro pessoas, cujas identidades não foram reveladas.

Os serviços de inteligências espanhóis acompanharam toda a viagem de Puigdemont de sexta-feira até a manhã de domingo e ressaltaram “a excelente colaboração” das autoridades alemãs, de acordo com fontes policiais.

Fontes da Segurança de Estado afirmam que Puigdemont foi mantido sob controle durante sua saída da Finlândia e que em um primeiro momento consideraram prendê-lo na Dinamarca. Mas isso foi descartado pela certeza de que o ex-presidente continuaria sua viagem por terra na Alemanha. Esse país é considerado pela Espanha um dos Estados da UE com os quais existem maiores relações de colaboração policial.

De acordo com informações de Jaume Alonso-Cuevillas, o ex-presidente da Generalitat permanece detido pela polícia da Alemanha, à espera de que sejam feitas as “comprovações” oportunas em relação à ordem de prisão pendente contra ele. O Governo espanhol ecebeu a confirmação oficial por parte das autoridades alemãs da prisão de Carles Puigdemont, informa Anabel Díez.

O advogado explicou através de sua conta do Twitter que o tratamento dado pelos agentes alemães foi “correto o tempo todo” e que seu cliente ainda está na delegacia. “O presidente se dirigia à Bélgica para colocar-se, como sempre, à disposição da Justiça belga”, acrescentou.

Segundo Alonso-Cuevillas, a defesa de Puigdemont – que tem outro advogado que o representa na Justiça belga – está entrando em contato com advogados alemães para organizar a assistência jurídica do ex-presidente catalão para lidar com a ordem de prisão que existe contra ele.

O ex-presidente da Catalinha voltava a sua residência na cidade belga de Waterloo de carro após sair da Finlândia, país ao qual viajou para dar uma palestra na Universidade de Helsinque e onde foi surpreendido pela ordem europeia ativada pelo juiz na sexta-feira para prendê-lo e pela saída de ex-colaboradores da Espanha.

Puigdemont viajou à Finlândia no final de semana para entrar em contato com vários deputados e dar uma conferência na Universidade de Helsinque. Seus anfitriões no país nórdico afirmam que Puigdemont adiantou seu retorno na sexta-feira, pouco depois do juiz Pablo Llarena enviar à Finlândia a ordem internacional de prisão. Desde então, seu paradeiro era desconhecido.

Ao longo do sábado, as autoridades finlandesas procuraram Carles Puigdemont sem sucesso e mantiveram sob vigilância todos os portos e aeroportos do país, após receberem a ordem europeia expedida por Pablo Llarena.

O Código Penal alemão contempla penas que vão dos dez anos de cadeia à prisão perpétua para qualquer um que pretenda “por força ou pela ameaça da força (...) minar a existência continuada da República Federal” e “modificar a ordem constitucional baseada na Lei Fundamental da República Federal da Alemanha”.

O mesmo texto legal contempla penas de um a dez anos de prisão para os “casos menos graves”, de acordo com o Artigo 81 da lei penal alemã, informa Fernando J. Pérez. Dessa forma cumpre-se um dos requisitos à extradição, que diz que o crime pelo qual se pede a prisão e a extradição esteja na lei penal do país em que se encontra o procurado.

Fontes de segurança do Estado espanhol lembram que a Alemanha, ao lado da França, Itália e Portugal, é um dos países com os quais existe uma cooperação judicial mais ativa, informa Óscar López Fonseca. Em 2015 a Alemanha prendeu 1.635 pessoas em cumprimento de ordens de detenção e extradição europeias. O resultado foi a extradição efetiva de 1.283 presos, em um prazo de 15 dias (se o réu consentir a extradição) e 47 dias (com recursos) em média.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_