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Produtora de Harvey Weinstein é vendida por 500 milhões de dólares

Grupo de investidores compra empresa do repudiado produtor e cria fundo para pagar às vítimas

Pablo Ximénez de Sandoval
Harvey Weinstein, no Globo de Ouro de 2017.
Harvey Weinstein, no Globo de Ouro de 2017.Chris Pizzello/Invision/AP
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Um grupo de investidores liderado por uma mulher que ocupou um cargo no Governo de Barack Obama fechou acordo na quinta-feira para salvar a empresa The Weinstein Company, a produtora do repudiado Harvey Weinstein. O pacto salva a firma da falência anunciada apenas dois dias antes. O desembolso total é de cerca de 500 milhões de dólares (1,6 bilhão de reais) e inclui a criação de um fundo para indenizar as vítimas do comportamento sexual de Weinstein.

A compra é capitaneada pela empresária Maria Contreras-Sweet e pelo investidor Ron Burkle. Em nota citada pela Reuters, a empresária afirma que criará uma nova firma com os ativos que adquirir da The Weinstein Company, além de salvar cerca de 150 empregos da produtora, proteger pequenas empresas às quais deve dinheiro e criar o fundo de compensação para as vítimas.

Harvey Weinstein foi o produtor mais importante do cinema independente em Hollywood nos anos noventa e na década passada. Em outubro, duas investigações jornalísticas revelaram dezenas de casos em que ele havia intimidado, abusado e inclusive estuprado atrizes. As denúncias se multiplicaram por dezenas em poucas semanas. Weinstein foi demitido de sua própria empresa 48 horas depois. A queda do lendário produtor deu origem ao movimento #MeeToo, que está mudando a cultura de tolerância em relação ao sexismo em Hollywood e se estendeu a outras indústrias.

Desde então, o sobrenome Weinstein era um ativo tóxico. Os problemas da empresa, liderada unicamente por seu irmão Bob, começaram quase de imediato. Desde o final de dezembro, Bob mantinha conversas com o grupo Contrera-Sweet sobre a venda.

A operação correu perigo em 12 de fevereiro, quando o procurador-geral de Nova York, Eric Schneiderman, apresentou denúncia contra os irmãos Weinstein por criar um ambiente laboral onde os direitos civis eram violados. A ação baseava-se na cumplicidade dos funcionários para as atividades de Harvey. Cada caso que vier a confirmar os fatos descritos pelo procurador poderia acarretar uma sanção de 250.000 dólares (800.000 reais). O procurador disse na época que “se algum comprador quiser fazer bem as coisas, deve compensar as vítimas.”

O acordo anunciado na quinta-feira assume 225 milhões de dólares (720 milhões de reais) da dívida de Weinstein e coloca 275 milhões de dólares (880 milhões de reais) para criar uma nova companhia a partir de seus ativos, basicamente um rico catálogo de sucessos cinematográficos. O fundo para indenizar as vítimas será de 90 milhões de dólares (288 milhões de reais), segundo fontes próximas à operação citadas pelo The Wall Street Journal. O procurador de Nova York respondeu com um comunicado em que diz: “Estamos satisfeitos por receber o compromisso expresso pelas partes de que a nova empresa criará um fundo real e bem abastecido para compensar as vítimas, implantará políticas de recursos humanos que protejam todos os funcionários e não recompensará injustamente atores com mau comportamento.”

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