_
_
_
_
PLANETA FUTURO
Tribuna
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Meu telefone é inteligente. E minha cidade?

Alcançar o ideal de uma cidade inteligente é um processo que requer uma grande capacidade de liderança e visão a longo prazo.

Transporte público em Medellin.
Transporte público em Medellin.

As cidades da América Latina e do Caribe foram protagonistas de um dos processos de crescimento demográfico mais significativos do planeta, com grandes consequências para a sustentabilidade, a qualidade de vida e a competitividade desta região. Urbes como São Paulo ou a Cidade do México mostram que o planejamento estratégico permite que um rápido crescimento não deteriore o bem-estar de seus cidadãos. Um planejamento adequado permite solucionar os problemas de mobilidade urbana, saneamento, fornecimento de água potável, poluição ambiental, segurança, saúde e educação. Mas além de planejamento, é necessário utilizar todos os avanços tecnológicos para que as cidades sejam lugares melhores para viver e se tornem inteligentes, e os cidadãos encontrem respostas satisfatórias para suas necessidades.

Mais informações
Rebeca Mendes: “Abortei na Colômbia porque o governo brasileiro falhou comigo”
2017: o ano que teve o maior aumento de bilionários da história

Para os autores de Caminho para as smart cities: Da gestão tradicional para a cidade inteligente, uma publicação recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma urbe inteligente é aquela que coloca as pessoas no centro do desenvolvimento, integra tecnologias da informação e comunicação na gestão urbana e usa estes elementos para estimular a formação de um Governo eficiente. Cidades com estas características promovem um desenvolvimento integrado e sustentável e se tornam mais inovadoras, competitivas, resilientes e atrativas, melhorando, assim, a vida de quem vive nelas.

Alcançar o ideal de uma cidade inteligente é um processo que requer uma grande capacidade de liderança e visão a longo prazo. Na América Latina e no Caribe — a segunda região do mundo com maior número de habitantes a residir em cidades, com 80% — se deram passos importantes na planificação de cidades inteligentes em países como a Colômbia, o Brasil, as Bahamas e o México, entre outros. No caso da cidade de Medellín, na Colômbia, por exemplo, o Sistema Inteligente de Mobilidade gerou uma poupança na ordem de 20 milhões de dólares nos custos socioeconômicos em resultado de um menor número de acidentes de trânsito.

A cidade de Nassau, nas Bahamas, é outro caso bem-sucedido de soluções inteligentes. Em 2012, a cidade não faturava 58% do consumo de água, devido principalmente a filtrações e fugas na infraestrutura e também, em menor escala, a roubos e erros de medição. Se investiu num plano de contenção de perdas físicas, utilizando tecnologias diversas para a reparação e substituição de canalizações, para o controle ativo de fugas, a gestão da pressão, a micromedição avançada e a luta contra as fraudes. Com este sistema de monitorização e controle se reduziu, em dois anos, o volume de perdas de água não faturada em 29%.

Cada cidade tem de enfrentar os seus próprios desafios e não existe uma fórmula mágica única que torne as cidades inteligentes, mas é verdade que estas têm em comum quatro características básicas que podem fixar o roteiro para aquelas que se encontram em processo de transformação. As cidades inteligentes são:

• Sustentáveis: usam a tecnologia digital para reduzir custos e otimizar o consumo de recursos, de modo a que a sua administração atual não comprometa o seu uso por parte das gerações futuras.

• Inclusivas e transparentes: criam e promovem canais de comunicação diretos com os cidadãos, operam com dados abertos e permitem fazer o acompanhamento das suas finanças.

• Capazes de gerar riqueza: oferecem uma infraestrutura adequada para a geração de empregos de alta qualidade, com ênfase na inovação, o que aumenta a competitividade e o crescimento dos negócios.

• Acolhedoras para os cidadãos: usam tecnologia digital para dar acesso rápido a serviços públicos mais eficientes.

A América Latina e o Caribe têm a oportunidade única de construir um novo modelo de urbanização no qual os governos, a sociedade civil e o setor privado façam uso da tecnologia para forjar cidades que melhorem a qualidade de vida dos seus cidadãos. Numa era em que tudo é inteligente, desde o telefone celular ao eletrodoméstico mais simples`, os dirigentes políticos devem demonstrar mais que nunca que possuem essa qualidade, para adaptar as cidades aos novos tempos.

Mildred Rivera é especialista em Comunicação na Divisão de Gerenciamento de Comunicações no Gabinete de Relações Exteriores do BID e Mauricio Bouskela é especialista sénior da Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Setor de Mudança Climática e Desenvolvimento Sustentável do BID. Para mais informação sobre a estratégia e visão do BID para as Cidades Inteligentes, está disponível esta publicação: www.iadb.org/smartcities.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_