Que tudo se exploda, é dia de se jogar nos blocos de (pré) Carnaval!
Mais de 100 blocos tomam a cidade neste sábado e aumentam a folia na nossa pauliceia estressada, mas que não se furta à peruca e ao glitter para ser feliz até depois do carnaval


Ficou sabendo? Tem mais blocos de carnaval na rua em São Paulo do que no Rio de Janeiro. Hahaha, a gente, que não é competitivo (aham...), adora essas comparações. Tudo bem que tem mais habitante na pauliceia do que no Rio. Mas carioca não vai entender o tamanho da nossa alegria ao ver a lista interminável de blocos de carnaval que vão para a rua a partir deste sábado. Só hoje são 106... Está tudo aqui nesta lista. É! A gente morria de inveja deles – e dos baianos e pernambucanos – vendo a imagem das festas de rua pela televisão. Mas agora paulistano tem um carnaval para chamar de seu. Oficialmente, a festa só começa semana que vem, mas a gente já está de saco cheio desta vida de trânsito, auxílios moradia de juiz Moro, Bretas e ministro, febre amarela, Lula e Bolsonaro lá ou cá, aporrinhações no trabalho, e todos os outros vampiros de alegria que este país têm de sobra. Então, vamos encher as ruas desde já.
Tamborim, unicórnios, glitter (aposentou a purpurina), peruca e batom. Vale tudo. O comércio da 25 de Março agradece. Paulistano tirou horinhas da semana para encontrar o brilho certo. Quatro milhões devem ir às ruas até o final do carnaval! Um terço da cidade! Nós, os sisudos de plantão, vamos mostrar nosso lado mais maloqueiro (viva a maloca de Adoniran), e divertido. A festa, na verdade, já dava as caras antes. Nos ensaios de blocos e escolas, e no dia do aniversário da cidade. No dia 25, Tinha bloco Tarado ni Você na praça da Sé e um estandarte recomendando ao público: Profane! E Gilberto Gil na avenida Ipiranga! E tanta gente na rua que já deu pra sentir o que vai ser a festa deste ano. Até importamos Alceu Valença pra fazer a festa neste sábado ali no Ibirapuera, em frente ao Monumento às Bandeiras!
A gente está se sentindo o dono da festa mesmo. Tão dono que não quer saber de voltar para casa, a ponto de a prefeitura ter de pedir aos blocos este ano para mandar os foliões embora e evitar situações que a gente vai pra rua esquecer. Tipo bala de borracha da polícia, como teve ano passado para dispersar folião e no dia 18 com o bloco Minhoqueens. Não, governantes, isso não combina com a festa. Com jeitinho, o neofolião paulistano vai aprender. Já está aprendendo! Fez até aula de percussão o ano inteiro para tocar surdo e tamborim nos blocos de rua neste fevereiro.
Pois é, São Paulo. Somos o céu o inferno no mesmo lugar. Vamos da depressão com as baixarias políticas, o excesso de concreto e a violência, ao riso fácil vendo a mulher maravilha numa mesa de bar. Tem jovem, tem idoso, tem criança, todo mundo ocupando a rua com irreverência, dando cotovelada no prefeito para ele deixar mais uma rua aberta para a festa chegar. Até a 23 de Maio foi liberada. E vai ter Claudia Leitte lá. Sabe quando. No pós carnaval. Viu que chique? Pré, durante e pós carnaval. É muita vontade de fazer festa. É a chance de descansar a cabeça, e liberar o esqueleto para seguir o batuque da bateria, extravasar para não explodir no estresse do dia a dia. Repetir as marchinhas que a gente canta desde criança. Tudo bem se a gente colocar forró (bloco Forrozim), Rita Lee (Ritaleena!) e rock em ritmo de samba. Somos a cidade do sushi de manga, pô. Tem bloco pra criança, pra família e pra queer. Os nomes já entregam que o paulistano se rendeu. Tem Liberte a Ivonete, com marchinhas tradicionais, Libera o Badaró, com o músico Emerson Boy, Unidos da ressaca do diabo, e por aí vai.
Ouso acreditar que essa sanha de ir à rua e ganhar mais blocos que o Rio por primeira vez é o a luva com tapa de purpurina do paulistano contra o veneno conservador que a gente viu nas exposições de arte no ano passado. Se joga, meu bem. Clica aqui e escolhe aonde. Agora dá licença que todos os meus amigos me esperam e eu vou lá me jogar também.