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Três colombianos desaparecidos e outro decapitado tingem de sangue o Caribe mexicano

A mãe de Tatiana Góez luta da Colômbia para encontrar sua filha que tinha se mudado para o México em busca de uma vida melhor

Yesly Tatiana e Joan Sebastián em imagem no Facebook
Yesly Tatiana e Joan Sebastián em imagem no Facebook

Em uma das avenidas mais importantes da joia turística do México há um homem decapitado. Joan Sebastián Espinosa, colombiano de 23 anos, desapareceu quatro dias antes com seu pai, sua namorada, Yesly Tatiana Góez, e um amigo em Cancún. O corpo de Joan foi o único encontrado pelas autoridades 20 dias depois do desaparecimento. A mãe de Tatiana luta desesperada em Medellín para encontrar sua filha, que partiu há sete meses para o México em busca de um futuro melhor.

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Yesly Tatiana passou seu aniversário de 25 anos em paradeiro desconhecido. Chegou a um dos destinos de praia mais cobiçados do mundo em maio do ano passado, um dos poucos lugares do México em que um trabalhador pode usufruir de um salário em dólares. Ali morava seu namorado e encontrou trabalho em um salão de beleza de um centro comercial de Cancún.

A última vez que Aleida María Gil teve notícias de sua filha foi algumas horas antes de seu desaparecimento. Em 18 de dezembro, Tatiana lhe enviou uma foto por WhatsApp. Desde que se mudou para outro país, falavam por telefone várias vezes por dia. “Falávamos de nós”, conta Aleida María Gil do outro lado da linha. “Eu queria que ela voltasse para a Colômbia.” Pouco falava de seu namorado Joan.

Joan e Yesly Tatiana se conheceram enquanto estavam no ensino médio em Medellín, mas começaram a namorar mais tarde. “Nunca o conheci, ele estava já há algum tempo radicado no México”, explica a mãe. Só sabia sobre o jovem que trabalhava lá cobrando devedores. “Grandes coisas nos esperam juntos. Obrigado por isso. Te amo”, escreveu Joan a ela nas redes sociais alguns dias antes de morrer.

Joan pertencia a um grupo de colombianos que ganham a vida em Cancún emprestando dinheiro. Mas sobretudo — segundo repórteres locais — eram conhecidos pela maneira como cobravam as dívidas. Um dos grupos aos quais o jovem estava associado é conhecido como Gota a gota, famoso por exigir os pagamentos sem piedade: “Se você não paga, queimam seu carro ou até atiram em sua casa”, contam por telefone alguns vizinhos de Cancún. Um sistema efetivo de empréstimos que podem ser devolvidos em pequenas quantidades, mas todo dia.

Na terça-feira, 19 de dezembro, Aleida María Gil recebeu uma ligação da mãe de Joan. Devia se comunicar o quanto antes com o México. Ligou várias vezes, mas não teve resposta. Da vez seguinte que seu telefone tocou era a chefe de sua filha: “Ela me disse que Yesly não tinha voltado ao trabalho”. Alguns dias depois Gil, assim como os demais colombianos, ficaram sabendo que o namorado de sua filha tinha aparecido decapitado no México. Foi então que a família de Joan Sebastián Espinosa contou a ela tudo que sabia.

“Me explicaram que o namorado de minha filha foi cobrar a dívida de uma senhora. O pai dele [de férias com a esposa no México], minha filha e um amigo em comum o acompanharam”, afirma Gil. “Ao que parece, a senhora que foi cobrada se irritou e chamou a polícia, porque sabia que eram colombianos.” No dia seguinte, a mãe de Joan Sebastián foi à Imigração em busca de seus familiares, acreditando que estariam ali esperando a deportação. Nem nessa repartição nem na delegacia sabiam de nada dos quatro colombianos. “A última coisa que me contaram foi que a polícia os entregou a um cartel”, disse a mãe de Yesly.

Vinte dias depois do desaparecimento, a Promotoria de Cancún não acrescentou dados novos sobre o que ocorreu. E Gil está há 480 horas sem dormir. Assumem que pela brutalidade do crime — junto ao corpo desmembrado ainda havia um pano com uma ameaça — pode estar por trás um grupo criminoso. A investigação se concentra primeiro em confirmar se os três desaparecidos estão ainda vivos.

Cancún, até há pouco tempo conhecida por suas praias de areia branca e águas cristalinas, não sabe como se livrar do terror. Em apenas um ano, os números de homicídios estremecem um dos destinos turísticos mais prolíficos do país: de 86 em 2016 para 220 em 2017, segundo dados oficiais.

O ano passado começou com uma advertência: em janeiro um grupo armado baleou a Promotoria; morreram um agente e três criminosos. Alguns dias antes, cinco pessoas foram assassinadas em uma discoteca a uma hora dali, em Playa del Carmen, em pleno festival de eletrônica. E em plena alta temporada de janeiro deste ano, um comando armado entrou atirando em um bar, matando duas pessoas e deixando outras sete feridas.

Muitos acreditam que o crime dos quatro colombianos seja mais um aviso da escalada de violência que vive o município. Nesta quarta-feira, três corpos foram encontrados dentro de sacos, dois homens e uma mulher, ainda não identificados. “Não vou descansar até que me deem uma resposta”, diz a mãe de Yesly Tatiana, que não pôde viajar para o México por falta de recursos.

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