Após pressão do BC, Temer afasta quatro vices da Caixa investigados
Eles são alvos de investigação por irregularidade no fundo de investimento do FGTS
O presidente Michel Temer determinou, nesta terça-feira, o afastamento por quinze dias de quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal após recomendação do Banco Central e do Ministério Público Federal (MPF). Segundo nota do Palácio do Planalto, esse é o tempo que os dirigentes terão para apresentar as defesas das acusações de que são alvo. Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê de Sant'Anna (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital) são investigados por irregularidade no fundo de investimento do FGTS ( Fundo de Garantia de Tempo de Serviço). A Caixa Econômica informou que cumprirá a ordem do presidente.
O pedido do Banco Central foi encaminhado no dia 10 de janeiro à presidente do Conselho de Administração da Caixa, Ana Paula Vescovi. Mas nesta terça- feira, pouco antes da decisão, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, também se reuniu com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Temer vinha ignorando há dias a recomendação do MPF para exonerar todos os 12 vice-presidentes do órgão.
Quatro deles, além de Occhi, estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O pedido de afastamento dos dirigentes foi feito em dezembro e assinado pelas forças-tarefas das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis - as duas últimas derivadas da primeira. A Operação Greenfield investiga indícios da existência de um esquema de cooptação de testemunhas para que não contribuíssem com a apuração de supostas irregularidades envolvendo fundos de pensão.
Na última quinta-feira (11), os procuradores responsáveis pela Operação Greenfield enviaram um ofício a Temer alertando que ele poderia ser responsabilizado por “eventuais novos ilícitos” cometidos pelos gestores do banco caso os executivos da Caixa não fossem afastados. No documento, encaminhado inicialmente à Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, os membros do MPF colocam o dia 26 de fevereiro como prazo final para que o presidente acatasse a recomendação. Sem querer se indispor com os partidos políticos que indicaram os nomes para os cargos da Caixa, o presidente disse, no entanto, que não cumpriria o pedido.
No dia 15 de dezembro, o MPF já tinha encaminhado à Casa Civil uma recomendação para trocar todos os 12 vice-presidentes da Caixa afirmando que entre eles estavam investigados em operações da Polícia Federal. Além disso, o MPF citava a relação de alguns desses executivos com o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos presos por denúncias de corrupção.
Apuração independente
Uma investigação independente contratada pela Caixa detectou casos de influência política no banco em ao menos quatro vice-presidências. O documento foi produzido pelo escritório Pinheiro Neto e será anexado aos processos relacionados ao banco para reforçar as denúncias contra políticos e ex-funcionários que atuariam em favor de grandes empresas.
O documento produzido pelo Pinheiro Neto é o mesmo cujo conteúdo embasou a recomendação do MPF para que a Caixa substitua os executivos e contrate uma empresa de recrutamento para selecionar os executivos do banco.
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