Disney faz história com primeiro personagem gay
Série infantil ‘Andi Mack’ fala de homossexualidade
No cinema, na televisão e na literatura, as histórias que tratam da transição da infância e da juventude para a idade adulta são tão frequentes que deram origem a um gênero com nome próprio: o coming-of-age. Literalmente, chegada da maturidade. De Harry Potter ao Rei Leão, passando por Grease – Nos Tempos da Brilhantina e seus pontos mais altos como Boyhood: Da Infância à Juventude ou Fica Comigo são alguns dos exemplos na tela grande. Entre as séries também foi, e é cada vez mais, um argumento muito frequente (veja agora Stranger Things) e, especificamente, em um canal como o Disney Channel, cuja audiência principal está na faixa entre nove e 16 anos, as histórias em torno da ideia de crescer e de se autodescobrir são vistas ainda mais.
Andi Mack é uma dessas séries, das mais recentes, que fala sobre a passagem para a idade adulta no Disney Channel: estrelada por uma menina de 13 anos, Andi, que tenta passar a adolescência sem traumas apoiada por seus três melhores amigos, dois rapazes, Cyrus e Joshua, e uma menina, Buffy. Até aqui e até agora, tudo normal e muito visto, mas a grande novidade apresentada pelo canal chega na sexta-feira, com a estreia (nos Estados Unidos) da segunda temporada, quando um dos amigos, Cyrus, descobre seus sentimentos românticos em relação a outro rapaz. Embora não seja o primeiro personagem gay do canal, é a primeira vez que se retrata a descoberta da identidade sexual em uma série infantil e se fala sobre como o protagonista fará essa viagem.
“Andi Mack é uma história de pré-adolescentes descobrindo quem são”, explicou o Disney Channel. “O roteirista Terri Minsky, o elenco e toda a equipe têm muito cuidado para garantir que seja apropriado para todos os públicos e envie uma poderosa mensagem de inclusão e respeito pela humanidade”.
Para apresentar a história da maneira mais adequada, os criadores falaram com várias associações LGBTQ, como a Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação (GLAAD, na sigla em inglês), que monitora as mensagens sobre o coletivo na mídia norte-americana e promove a igualdade. “Andi Mack está refletindo as vidas e as experiências vividas por muitos jovens LGBTQ em todo o país”, disse Sarah Kate Ellis, presidenta e CEO da GLAAD depois da apresentação. “A televisão reflete a vida do mundo real e hoje isso inclui jovens LGBTQ que merecem ver suas vidas representadas em suas séries favoritas”.
Andi Mack estreou nos Estados Unidos em março e foi um sucesso imediato entre o público-alvo (meninas com média de idade de 10 anos) e número um em seu horário entre crianças de seis a 14 anos, além de estar nas principais posições nas plataformas de video on demand do canal. Por essa razão, os coletivos LGBTQ valorizam ainda mais esse momento histórico com potencial de alcançar uma grande audiência especialmente sensível.
“Declarar-se gay requer uma autorreflexão honesta, muita coragem e um lugar seguro com pelo menos uma pessoa de confiança”, disse também Jaime Grant, diretor da PFLAG, a maior organização LGBTQ nos EUA, que assessorou os criadores da série. “E a equipe de Andi Mack capturou esse momento de revelação com cuidado e autenticidade. Será lembrado como um grande momento para alguns e ensinará muito aos outros”.
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