Israel bate recorde na expansão dos assentamentos
Em apenas dois dias, foram aprovadas as construções de 2.600 novas casas nas colônias da Cisjordânia
Israel acelera a expansão dos assentamentos na Cisjordânia. As autoridades que administram este território militarmente ocupado há 50 anos aprovaram, nas últimas 48 horas, a construção de 2.646 casas, segundo afirmou, nesta quarta-feira, a ONG israelense Paz Agora, que supervisiona as colônias.
"O avanço dos assentamentos nos distancia, a cada dia, da solução dos dois Estados", afirmou a organização pacifista fundada pelo escritor Amos Oz, em um comunicado. A União Europeia exigiu esclarecimentos de Israel sobre o crescimento das colônias e pediu que reconsidere uma decisão "que vai em detrimento das iniciativas em andamento por negociações de paz".
O governo de Benjamín Netanyahu, considerado o mais conservador da história de Israel, está batendo recordes na construções de habitações em território ocupado palestino. Com as 1.292 aprovadas na terça-feira, e as 1.323 nesta quarta, a Paz Agora afirma que a expansão colonial chega a 6.742 casas em 2017, em diferentes fases de desenvolvimento urbanístico. As autoridades têm planos para construir até 12.000 casas este ano, segundo a France Presse, o que seria quatro vezes o registro de 2016 (2.629 habitações), seis vezes o de 2015 (1.982) e quase o dobro de 2014 (6.293).
A presença no Governo de coalizão (conservadores, nacionalistas religiosos, ultraortodoxos e extrema direita) de partidos que representam os interesses dos mais de 600.000 colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste contribuiu para impulsionar a ampliação dos assentamentos.
Via selvagem
A expansão foi especialmente acelerada desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, cuja administração se declara comprometida com a retomada das negociações entre israelenses e palestinos, suspensas desde 2014. Trump não considera que os assentamentos constituam necessariamente um obstáculo para a paz, nem acredita que a solução dos dois Estados seja a única viável para colocar fim ao conflito.
Israel concedeu 31 licenças de edificações na área da cidade de Hebrón, na Cisjordânia, que mantém sob seu controle, as primeiras outorgadas a colonos israelenses em 15 anos, em uma cidade dividida entre mais de 200.000 palestinos e 800 colonos sob proteção militar.
"O Governo perdeu as inibições e promove a expansão em ritmo recorde", afirma a Paz Agora. "Está claro que Netanyahu está dando prioridade a seu eleitorado, contra o Estado de direito e as perspectivas de paz". Em ato celebrado na Cisjordânia, em setembro, para comemorar o 50º aniversário da Guerra dos Seis Dias, Netanyahu prometeu, diante de milhares de colonos, que nenhum assentamento israelense será desmantelado como consequência de um acordo de paz.
"O Grande Israel está se sobrepondo a toda a Palestina histórica", alerta a veterana dirigente palestina Hanan Ashraui, ao denunciar que o governo do Estado hebreu está trabalhando sistematicamente "para destruir a continuidade territorial e demográfica de um futuro Estado palestino".
A Paz Agora teme, acima de tudo, que o Executivo de Netanyahu esteja derivando para uma via "selvagem" ao aprovar planos de expansão profunda na Cisjordânia. Das cerca de 1.300 casas aprovadas na terça-feira, apenas 560 estão nos chamados blocos de colônias, que Israel busca trocar por outros territórios em um acordo final que dê lugar a um Estado palestino. O resto foi disseminado em zonas distantes do Vale do Jordão ou junto a populações palestinas, como no caso de Nokdim, assentamento onde reside o ministro da Defesa, Avigdor Liberman, responsável formal pela aprovação de novas colônias.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.