_
_
_
_

A repentina demissão de Emily Lima, primeira mulher a comandar a seleção feminina de futebol

Depois de romper hegemonia masculina, treinadora é demitida com menos de um ano no cargo

Emily Lima foi demitida da seleção nesta sexta-feira.
Emily Lima foi demitida da seleção nesta sexta-feira.Divulgação
Mais informações
Crianças vulneráveis a abusos sexuais em escolinhas de futebol no Brasil
Manaus, a capital do futebol feminino no Brasil
Cristiane: “Quero vencer um grande título antes de deixar a seleção”
Enfim, Maria Alice vai jogar com os garotos

Durou apenas 10 meses a trajetória de Emily Lima à frente da seleção feminina de futebol. Nesta sexta-feira, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) demitiu a treinadora do cargo que havia assumido em novembro do ano passado. Em 13 jogos, Emily somou sete vitórias – conquistadas em suas primeiras sete partidas –, um empate e cinco derrotas. Os tropeços nos últimos compromissos da seleção, diante de adversárias mais fortes, como Alemanha, Estados Unidos e Austrália, que chegou a golear o Brasil por 6 a 1, foram determinantes para a demissão.

Embora se trate de uma categoria feminina, Emily Lima se tornou a primeira mulher a dirigir a seleção após três décadas de dinastia masculina no comando. Treinadores renomados como René Simões e Vadão, que antecedeu Emily no posto, já sentaram no banco de reservas da seleção, mas sentiram dificuldades comuns a todos os outros: falta de investimento de longo prazo no futebol feminino e escassez de clubes com estrutura profissional para mulheres, ainda bem distante das condições oferecidas aos homens. No entanto, ao contrário dos últimos cinco técnicos da equipe, Emily foi a única que não teve oportunidade de completar ao menos um ano de trabalho.

Somente no início da tarde, a CBF confirmou o desligamento da técnica, sem entrar em detalhes sobre os motivos. Pela manhã, a jornalista Lu Castro havia revelado a demissão. Em entrevista ao site da ESPN Brasil, o coordenador de futebol feminino da seleção, Marco Aurélio Cunha, também não especificou as razões para abreviar o trabalho de Emily, mas deixou clara sua divergência com métodos de trabalho da treinadora. “Não sei se existe lobby por técnico homem, mas acho bem difícil outra mulher assumir o cargo”, disse Emily. O mais cotado para a função é o próprio Vadão, que retornaria ao comando menos de um ano depois de sua saída.

Emily chegou à seleção após a equipe ficar em quarto lugar na Olimpíada, apresentando um futebol pouco vistoso sob a batuta de Vadão. Como explicou em entrevista ao EL PAÍS, ela tinha como missão não só resgatar o bom desempenho em campo, mas, sobretudo, contribuir para a valorização da modalidade feminina no país. Dirigentes da CBF se incomodavam com sua maneira de conduzir o processo. Ela fazia questão de definir um calendário de jogos para a seleção e enfrentar adversárias mais qualificadas, ao mesmo tempo em que abria espaço para revelações como Gabi Nunes e Juci conviverem com as experientes Marta e Cristiane – algo que até mesmo seus críticos admitem como um avanço.

Jogadoras manifestaram apoio a Emily nas últimas horas. A técnica tem forte ligação com atletas e dirigentes de clubes, além de compreender a realidade do futebol feminino no Brasil, já que, antes da principal, trabalhou nas seleções de base e teve grande êxito à frente do São José, onde foi vice-campeã da Copa do Brasil. Prestes a completar 37 anos, a ex-volante fez cursos para se tornar treinadora na Europa e na própria CBF. Um cartel insuficiente, pelo menos na visão dos cartolas da entidade, que não tem nenhuma mulher em sua diretoria, para fazer de Emily a primeira mulher a consolidar um ciclo olímpico à frente da seleção feminina.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_