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Droga do sexo

Barcelona incorpora o ‘chemsex’ na lista de problemas de saúde pública

O novo Plano de Drogas da Prefeitura alerta para o consumo de substâncias para a prática de sexo Em 2016, os serviços de saúde atenderam cerca de 200 casos do tipo

Jessica Mouzo
Psicólogo atende a um paciente em um centro comunitário.
Psicólogo atende a um paciente em um centro comunitário.Carles Ribas
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As consequências do chemsex —um fenômeno quase exclusivo da comunidade LGBTI e que se carateriza pelo consumo de vários tipos de drogas para manter relações sexuais durante longos períodos de tempo— já são um problema de saúde pública. A Prefeitura de Barcelona decidiu abordar os perigos da prática dentro de seu Plano de Drogas, pois, pese ser um fenômeno residual entre a comunidade, traz riscos importantes: pode aumentar as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e gerar a dependência de substâncias tóxicas. Só no ano passado, os serviços de saúde de Barcelona atenderam 193 casos de consumo problemático de substâncias para se fazer sexo.

Por mais que o uso de drogas recreativas em contextos sexuais não seja novo e não se circunscreva à comunidade gay, o chemsex tem caraterísticas particulares: por exemplo, o uso de determinadas substâncias (especialmente mefedrona, metanfetamina e GHB, o Ácido Gama hidroxibutírico) para aguentar longas sessões de sexo, que podem durar dias.

A combinação destas drogas permite aguentar as festas sexuais, mas deixa os participantes em um estado de semi-inconsciência que reduz a percepção de risco. E isto significa que podem aumentar as condutas sexuais perigosas (sem preservativo) e, em consequência, a transmissão de DSTs. De fato, segundo o centro de saúde comunitário BCN Checkpoint, o chemsex pode triplicar o risco de infecção por HIV na comunidade gay.

Mas a Prefeitura e a Agência de Saúde Pública de Barcelona (ASPB) decidiram focar na cara menos visível do fenômeno: o consumo problemático e/ou a dependência a algumas substâncias para se fazer sexo. Os centros comunitários que atendem a comunidade LGBTI já começaram a reportar os primeiros casos de consumo problemático de substâncias tóxicas vinculadas ao sexo e algumas já disponibilizaram consultas psicológicas para abordar estas situações. O texto do Plano de Drogas da Prefeitura é taxativo: “Nos últimos anos houve um acréscimo da porcentagem de homens que iniciam tratamento por transtornos de consumo destas substâncias [metanfetaminas, mefedrona, GHB ou cetamina] e em 2016 elas corresponderam a 7% do total de inícios de tratamentos por transtornos causados pelo uso de substâncias em homens”. Desde 2013, esta porcentagem duplicou.

Com o plano, a ASPB e a Prefeitura iniciam uma estratégia para implementar, a curto prazo, programas de prevenção e tratamento pelo uso de substâncias associadas a contextos sexuais entre o coletivo LGTBI. Neste sentido, a Prefeitura aposta em uma atenção “personalizada” às pessoas identificadas com o problema e que requeiram uma intervenção breve ou um processo terapêutico de longa duração. “Trata-se também de uma estratégia de redução de danos e de focar também em casos muito iniciais para evitar que cheguem a ter um consumo problemático”, afirmou na última segunda-feira Maribel Pasarín, diretora do Observatório de Saúde Pública da ASPB.

A Prefeitura analisará a dimensão do problema e estudará a necessidade de criar novos circuitos de atenção especializada para estas problemáticas.

Vício no celular

O Plano de Drogas municipal também incorporará outra linha de ação para abordar novos consumos problemáticos, como o do uso do celular e das telas, especialmente entre adolescentes. As escolas foram as que chamaram a atenção ao problema e os responsáveis pela àrea de saúde pública decidiram começar a implementar estratégias para detectar de forma precoce os casos incipientes.

Os sinais de alarme, asseguram, existem, por exemplo, quando o jovem deixa de fazer algo para se conectar ou está preocupado quando não está conectado.

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