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DNA mostra que Pilar Abel não é filha de Dalí

Mulher pretendia que a paternidade fosse reconhecida e que ela pudesse usar o sobrenome do genial pintor

Pilar Abel, depois de conseguir a ordem judicial para exumar o corpo de Dalí
Pilar Abel, depois de conseguir a ordem judicial para exumar o corpo de DalíRobinTownsend (EFE)

Pilar Abel Martínez não é filha de Salvador Dalí, segundo os exames genéticos. A comparação das amostras de DNA retiradas do cadáver de Dalí, cujo corpo foi exumado em 23 de julho, com as da mulher que dizia ser herdeira do gênio do surrealismo demonstram que não existe relação de parentesco entre eles. O resultado, anunciado pela Fundação Gala-Salvador Dalí, “permite excluir Salvador Dalí como pai biológico da María Pilar Abel Martínez”, segundo nota da instituição.

O resultado negativo do exame, expedido pelo Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses, foi comunicado pelo 11º. tribunal de primeira instância de Madri à fundação que administra o legado do pintor catalão. “Em nenhum momento houve qualquer indício da veracidade de uma pretendida paternidade”, disse a instituição.

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Depois de ser informado por este jornal sobre o resultado, Pilar Abel afirmou: “Nem eu nem meu advogado temos os resultados. Enquanto não houver um comunicado oficial podem falar o que quiserem. Eu não me escondo, seja o resultado qual for: positivo, negativo ou nulo, concederei uma entrevista coletiva a todos para falar”. “Estou pirando! Se der negativo continuarei sendo a Pilar”, concluiu.

A Fundação prossegue em seu comunicado “que a incomum e injustificada decisão judicial de praticar a exumação se confirma como totalmente inadequada e desproporcionada, pondo em evidência sua total improcedência e a inutilidade dos custos e de todo tipo de prejuízos que ocasionou, em relação aos quais a Fundação reitera a expressa reserva de ações”.

A exumação do cadáver de Dalí foi considerada necessária pela juíza do caso para poder analisar o DNA do pintor, dada a falta de outros restos biológicos ou pessoais. A prova era considerada imprescindível para o julgamento, previsto para o dia 18 deste mês, na qual Abel esperava ser reconhecida como filha do pintor, podendo assim usar seu sobrenome e herdar 25% da sua herança, além de se beneficiar dos abundantes dividendos gerados pelos direitos autorais do pintor.

O processo começou há dois anos, embora Abel afirme desde 2007 que é filha do pintor surrealista, que morreu em 23 de janeiro de 1989 sem deixar descendência. Abel nasceu em 1º. de fevereiro de 1956 em Figueres, fruto, segundo sua versão, “de uma relação de amizade que se transformou em amor”. A história nunca foi muito verossímil, porque situava Dalí em um cenário distante de Cadaqués naquele momento. A suposta filha de Dalí havia dito que sua mãe, Antonia Martínez, está paraplégica e tem alguns lapsos de memória, mas sempre a estimulou a levar o caso adiante.

O resultado dessa análise era considerado básico para o julgamento do dia 18 em Madri, já que Pilar Abel nunca forneceu qualquer prova, escrita ou de outro tipo, que demonstrasse ser filha de Dalí.

Entretanto, o exame, segundo a Fundação, “põe fim a uma absurda e artificial polêmica” e permite que “a figura de Dalí fique definitivamente excluída de pretensões totalmente infundadas”. Em breve, serão devolvidos ao túmulo os restos mortais de Dalí que foram exumados no fim de julho (unhas, dente e dois ossos longos), o que exigirá que o cadáver seja novamente desenterrado, para então ser sepultado pela terceira vez.

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