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Incêndio no sul da França força retirada de 10.000 pessoas

Fogo já arrasou 4.000 hectares, deixou oito bombeiros feridos e 15 policiais intoxicados

As chamas e a fumaça ameaçam as moradias em Seillons, no distrito de Var.
As chamas e a fumaça ameaçam as moradias em Seillons, no distrito de Var.JEAN-PAUL PELISSIER (REUTERS)

Pelo menos 10.000 pessoas, incluindo 3.000 campistas, foram evacuadas durante a noite após o início de um novo incêndio no sul da França, onde uma grave onda de incêndios florestais já destruiu mais de 4.000 hectares desde segunda-feira (24/07/2017). “As evacuações, pelo menos 10.000, foram necessárias devido ao avanço das chamas e da fumaça em uma área onde a população dobra ou triplica no verão”, disse um porta-voz do Corpo de Bombeiros em Bormes-les-Mimosas no departamento de Var, na região de Provença-Alpes-Côte d’Azur, sudeste do país. A maior parte dos evacuados passou a noite em centros habilitados ou em seus veículos, mas alguns preferiram acampar nas praias da região. 

Segundo o último boletim da prefeitura de Var, emitido na manhã de quarta-feira, a superfície afetada pelo novo incêndio, que começou pouco antes da meia-noite, já supera os 800 hectares. Além dos 540 bombeiros que combatem as chamas, quatro aviões anti-incêndio Tracker e um helicóptero de resgate Dragon 83 também foram mobilizados.

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Centenas de bombeiros continuam em ação nesta quarta-feira para apagar os incêndios com ajuda da Itália. A maioria dos focos já estava sob controle na terça-feira, mas a situação em Var ainda é preocupante. “A França solicitou dois aviões Canadair no âmbito da ajuda europeia” para conseguir apagar os incêndios avivados pelas fortes rajadas de vento, declarou o prefeito Jacques Witowski, diretor-geral da Segurança Civil.

Na tarde de terça-feira, um primeiro avião emprestado pela Itália chegou à Córsega proveniente de Gênova, anunciou a prefeitura no Twitter. No total, 19 aeronaves e mais de 2.000 bombeiros foram mobilizados até agora. Um sindicato de pilotos dos aviões-cisterna Canadair denunciou que “a falta de peças de reposição” impede o uso de todos os aparelhos necessários. O ministro do Interior, Gérard Collomb, que viajou na quarta-feira à Córsega para fiscalizar a ação dos bombeiros, anunciou que solicitou mais seis aviões-cisterna do modelo Dash.

A França conta atualmente com uma frota de 23 aviões de combate a incêndios: 12 Canadair, 9 Tracker e 2 Dash.

Pelo menos nove bombeiros tiveram ferimentos leves e um sofreu queimaduras de segundo grau, 15 policiais ficaram ligeiramente intoxicados pela fumaça, segundo fontes policiais e da prefeitura.

A região de Var continua sendo “a mais complicada”, com ventos fortes e contínuos, disse o prefeito da Provença-Alpes-Côte d’Azur, Stéphane Bouillon. Além do novo incêndio em Bormes-le-Mimosas, há outros dois focos ativos a 80 quilômetros de distância, em La Croix Valmer, perto do balneário de Saint-Tropez, e mais a leste, em Artigues e Saint-Maximin, mas ambos estão controlados.

Em La Croix Valmer, o fogo provocou uma “verdadeira catástrofe ecológica”, lamentou René Carandante, assessor do prefeito, mas “parou de avançar”, declarou o comandante François Barety, do Corpo de Bombeiros, acrescentando que “não há mais residências diretamente ameaçadas”.

No norte da Córsega, as imagens dos incêndios são impactantes, com as chamas avançando a toda velocidade sobre a paisagem de chaparrais típica da ilha e ameaçando as casas. Na terça-feira, ainda havia focos “ativos”, mas o fogo não avançava e a situação se acalmou.

Ao sul de Avignon, no Luberon, o fogo estava controlado, mas continuava ativo, segundo a prefeitura. Os bombeiros trabalharam a noite toda, especialmente para proteger um povoado ameaçado.

Não muito longe de Nice, mais a sudeste, no município de Carros, onde 80 hectares foram queimados na segunda-feira, o prefeito Charles Scibetta descreve “uma paisagem lunar”. Segundo um balanço provisório das autoridades, foram queimados 1.800 hectares no norte da Córsega, 865 no Luberon, 500 em La Croix Valmer, e 1.700 em Artigues, a oeste de Var.

“Toda a França está mobilizada”, declarou à rádio France Info o número dois dos bombeiros da França, Grégory Allione, para acrescentar que chegaram reforços “da Alsácia Lorena (nordeste), da região de Lyon (centro-oeste) e do sudoeste”.

A causa dos incêndios ainda é desconhecida. Segundo Allione “há dois efeitos combinados” para explicar a virulência dos fogos. “Uma seca que se repete ano após ano” e “condições de vento desastrosas”. Nesse contexto, fez um apelo aos habitantes para “não se esquecerem de que, no Mediterrâneo, na Provença, na Córsega, é preciso ter uma atitude responsável: não acender fogueiras, não fumar, não fazer churrascos, não fazer obras nos bosques”. Em meados de julho, na região de Marselha (sudeste), um incêndio, provavelmente causado por um cigarro, arrasou 800 hectares de terreno.

Por um erro do sistema, esta matéria foi atualizada para 2019. Ela foi publicada, originalmente, em 26/07/2017

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