Autoridades portuguesas sob críticas por causa da tragédia
Os bombeiros temem que aumente o número de mortos em um incêndio que continua crescendo
No domingo se choraram os mortos e nesta segunda-feira se lançam as críticas contra os governantes. Um total de 63 mortos e 135 feridos, segundo o último balanço divulgado pelos veículos de comunicação portugueses, não pode ser atribuído apenas à força da natureza. Os prefeitos das cidades mais afetadas reclamaram de ter ficado desprotegidos durante horas.
O líder da oposição, o ex-primeiro-ministro conservador Pedro Passos Coelho, afirmou depois de se reunir com membros da Defesa Civil que prefere adiar a exigência de eventuais responsabilidades até que a tragédia seja superada.
Para o Partido Socialista do primeiro-ministro António Costa, a tragédia chegou em plena tramitação parlamentar da chamada “lei do eucalipto”, que propõe acabar até 2030 com o cultivo desse tipo de árvore, cujos galhos secos são bastante inflamáveis. O grupo de pressão ecologista Quercus emitiu um comunicado atribuindo os incêndios a “erros de administração florestal e más decisões políticas” de vários Governos nas últimas décadas. Segundo o Quercus, os organismos oficiais não fizeram o suficiente para coordenar a prevenção de incêndios florestais, uma crítica compartilhada pelos afetados, que alegam que a chegada de mais de 1.000 bombeiros que não conheciam o terreno não foi administrada de forma eficiente.
A coordenadora do Bloco da Esquerda, fundamental na formação de Governo de António Costa, afirmou nesta segunda-feira que a única prioridade é apagar o fogo e curar todos os feridos o quanto antes. “O tempo de avaliar o ocorrido e fazer as críticas pertinentes chegará mais adiante”, acrescentou.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, lançou nesta segunda-feira um apelo para que se concentrem todos os esforços no combate às chamas, em vez de se discutir as causas do incêndio e as possíveis responsabilidades pela tragédia. “A prioridade agora é o combate ao fogo e o apoio às vítimas e às famílias”, assinalou o chefe de Estado no centro de operações instalado na localidade de Avelar.
Costa falou na noite de domingo, em meio a montanhas devastadas e acinzentadas, para explicar que o objetivo primordial dos trabalhos de resgate é salvar vidas, e depois as casas. Suas palavras foram dirigidas aos líderes dos municípios afetados, que se sentiram desprotegidos quando mais necessitavam da ajuda estatal. As casas de Caniçal, da Figueira e de muitas outras aldeias arderam sem que nenhum bombeiro aparecesse por ali. Não há homens suficientes para combater as chamas que no domingo voavam e nesta segunda-feira brotam da terra.
“A topografia é o mais importante, para mim o vento ocupa um segundo plano”, explica Aitor Soler, oficial do corpo de bombeiros de Madri. Ele chegou à localidade de Chá de Álvares com 32 homens e nove veículos. “O vento gira 360 graus, às vezes isso é bom, outras vezes é ruim, mas a topografia é terrível. Nunca vi nada igual. O acesso é correto, mas depois as inclinações são muito profundas. Hoje não há fogo, mas a terra está quente, fumegante, e se alcançar outro vale, começa de novo.”
A segunda-feira correu estranhamente calma, como nos filmes de terror, com o silêncio que precede o susto. A temperatura caiu, chove ocasionalmente, há menos vento, mas os hidroaviões não puderam decolar por causa das nuvens de fumaça, e a terra está muito quente. Na noite de domingo, o fogo irrompeu por Gois e surgiram focos pelos montes de Coimbra, Leiria e Castelo Branco.
O balanço se mantém em 63 mortos, mas os bombeiros indicam que há mais, dizem que embora tenham aparecido mais cadáveres, não há novas cifras.
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