Professora argentina é suspensa por brincar no Facebook com a prova de uma aluna
Docente divulgou um exame de inglês no qual a estudante tinha respondido uma pergunta em espanhol
A professora de inglês Gabriela Jarsun, de Banfield, cidade na periferia de Buenos Aires, Argentina, corrigia as provas do ensino médio (alunos com idades entre 15 e 16 anos) da Escola Antonio Mentruyt quando viu que uma das alunas tinha respondido uma pergunta inteira em espanhol, ao invés de inglês. Jarsun tirou uma foto da resposta e publicou em seu perfil do Facebook com o comentário "nunca deixam de me surpreender" em 9 de maio. Foi afastada de suas funções pela escola em que trabalha.

Em poucas horas, o post começou a se espalhar e o perfil da professora se encheu de comentários divididos: alguns zombavam da aluna – “Acho que não passa nem em espanhol” – enquanto outros criticaram duramente Jarsun por zombar da menor e pediam que fosse suspensa e perdesse seu título de magistério. Embora a professora não divulgou o nome da estudante, seus colegas a reconheceram pelas respostas e começaram a enviar mensagens, como revelou a mãe da adolescente, Angelica.
“No sábado seguinte minha filha começou a receber mensagens de seus colegas com a captura do post da professora. Alguns riram dela e outros a apoiaram. Ela começou a chorar e tentei consolá-la”, contou Angélica ao canal de televisão Todo Noticias. De acordo com seu testemunho, ela tentou se comunicar com a professora para exigir uma explicação por seu comportamento, mas não obtive respostas e depois de uma segunda mensagem Jarsun optou por bloqueá-la na rede social.
Por causa da falta de resposta da professora, a mãe da aluna procurou a mídia. “Sinto raiva por essa professora não respeitar um dos meus filhos. Essa mulher não tem direito de machucá-la”, denunciou Angélica, que acredita que qualquer correção da prova da sua filha deveria ter sido feita em sala de aula e não expondo-a nas redes sociais.
A escola também ficou sabendo pela mídia, convocou os pais e por causa do escândalo abriu uma investigação para esclarecer o ocorrido. “Foi aplicado um artigo (do Estatuto dos Professores), que é o afastamento transitório”, explicou ao EL PAÍS, Mónica Martínez, chefe da região educativa 2 da província de Buenos Aires. Jarsun foi afastada de suas funções e foram atribuídas novas tarefas que excluem o desempenho na frente de alunos durante a investigação, que pode durar vários meses, explica Martínez. A estudante, por outro lado, retomou as aulas e recebe suporte, assim como seus colegas, acrescenta.
É a primeira vez que essa funcionária recebe uma denúncia desse tipo, embora admita que os casos de cyberbullying estão aumentando no mundo todo e há uma maior conscientização para evitar esse tipo de problema. A viralização de exames com erros ortográficos e equívocos cometidos por estudantes tornou-se popular nos últimos anos. Como regra geral, são provas anônimas, nas quais ninguém reconhece o autor, mas se a identidade do estudante é revelada, corre o risco de se tornar vítima de bullying.
Quando o caso foi divulgado, as críticas contra a professora foram tantas que ela optou primeiro por apagar o post e depois eliminar seu perfil do Facebook. Quase uma semana desde o início do escândalo, a professora prefere guardar silêncio.