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As gafes do príncipe Philip

A esquerda britânica o considera um racista e para a direita é um livre pensador traído pela sombra do politicamente correto

Philip de Edimburgo, em março passado em Aldershot.
Philip de Edimburgo, em março passado em Aldershot.cordon press
Mábel Galaz

Philip de Edimburgo conserva o bom humor aos 95 anos. Ninguém duvida que é o membro mais politicamente incorreto da família real britânica, mas apesar disso sempre contou com o respaldo incondicional de sua esposa, a rainha Elizabeth, com quem está casado há 70 anos. A esquerda britânica o considera um racista incorrigível que não se dá conta de que suas piadas pesadas colocam o país em evidência. A direita o considera um livre pensador que trai a sombra do politicamente correto. Com sua aposentadoria da vida pública, perde-se um de seus personagens mais controversos.

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Na quarta-feira, dia 3 de maio, o duque de Edimburgo inaugurou um campo de cricket, o Warner’s Cricket Ground, no centro de Londres, já que era membro honorário vitalício do Marylebone Cricket Club. Segundo a imprensa britânica que cobriu o ato, o duque de Edimburgo manteve o bom humor que sempre o caracterizou.

Suas escorregadas renderam até um livro, Prince Philip: Wise Words and Golden Gaffes, que reúne as frases mais polêmicas do duque. Uma edição anterior, intitulada Duke of Hazard, foi lançada aproveitando o 85º aniversário do príncipe e tornou-se best seller no Reino Unido. Seus autores, o jornalista especializado na monarquia Phil Dampier e o ex-correspondente real para o Daily Express Ashley Walton, afirmam que o livro está longe de ser uma brincadeira. “É uma demonstração de carinho para com um tesouro nacional”, declarou Dampier.

O duque de Edimburgo é capaz de tudo, como considerar que todo estrangeiro é estranho e provavelmente inferior. Ou catalogar as pessoas segundo velhos estereótipos: os chineses se destacam por seus olhos puxados, os escoceses são bêbados, os nativos de Nova Guiné são canibais, os caribenhos são piratas, os aborígenes australianos se matam a flechadas... Coisa curiosa para um patriota britânico que na realidade nasceu na Grécia e tem sangue dinamarquês e alemão.

Elizabeth da Inglaterra e Philip de Edimburgo, no dia de seu casamento, em novembro de 1947, na Abadia de Westminster
Elizabeth da Inglaterra e Philip de Edimburgo, no dia de seu casamento, em novembro de 1947, na Abadia de Westminstercordon press

O livro inclui alguns dos mais recentes philipismos. “Vão colocá-la no forno?”, soltou durante uma recepção a uma nonagenária em cadeira de rodas que se protegia do frio com um material parecido com alumínio. “Que lugar mais esquisito”, comentou quando um membro do Parlamento informou que representava a cidade nortista de Stoke-on-Trent. Outras piadas revelam sua fraqueza pelas mulheres atraentes: “Me prenderiam se abaixasse esse zíper”, disse durante uma visita em Londres para uma jovem loira com um vestido de fechamento frontal.

Em 1967, quando lhe perguntaram se ele gostaria de visitar a União Soviética, respondeu: “Gostaria muito de ir para a Rússia, apesar de os canalhas terem assassinado a metade da minha família”. Dois anos depois, ao falar das finanças da família real britânica, disse: “Vamos entrar no vermelho no ano que vem, provavelmente terei de renunciar ao polo”. Em 1981, durante a recessão, refletiu: “Todo o mundo estava dizendo que devemos ter mais tempo livre. Agora se queixam de estar desempregados”. Durante uma viagem ao Quênia em 1984, ao aceitar uma estatueta das mãos de uma mulher, perguntou: “Você é mulher, né?”

Durante uma visita ao Hospital Dunstable, em Luton (norte de Londres), cumprimentou o pessoal médico e ao ver-se diante de uma enfermeira filipina disse: “As Filipinas devem estar meio vazias, porque vocês estão aqui o tempo todo trabalhando”.

Uma das escorregadas de mais repercussão de Philip de Edimburgo foi em 2009, na presença de Barack Obama. O presidente norte-americano tinha dito que recentemente estivera com o então primeiro ministro Gordon Brown, o político David Cameron e Dmitri Medvédev. “Você consegue distinguir uns dos outros?”, alfinetou.

O duque de Edimburgo e Elizabeth II, em um retrato oficial em 2007.
O duque de Edimburgo e Elizabeth II, em um retrato oficial em 2007.cordon press

Durante uma recepção para o papa Bento XVI na Escócia, e depois de observar que o líder trabalhista escocês usava uma gravata com um tecido xadrez escocês, Philip de Edimburgo perguntou à conservadora Annabel Goldie: “Você também está usando calcinhas feitas disso?”.

Em uma festa organizada em Londres pelo escritório da Commonwealth (a união de ex-colônias e protetorados do Reino Unido), o marido de Elizabeth II se dirigiu a um convidado negro sorridente e lhe perguntou: “De que exótico lugar do mundo você procede?”. O interlocutor, que afinal era lord Taylor de Warwick, respondeu: “Sou de Birmingham [cidade do centro de Inglaterra]”.

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