Theresa May se mostra inflexível diante do divórcio do Reino Unido com a UE
Primeira ministra britânica evita aceitar os prazos da UE e insiste que prefere deixar o bloco sem um acordo do que assinar um acordo ruim
A primeira ministra do Reino Unido, Theresa May, insiste que sair da União Europeia (UE) sem um acordo que regulamente a relação futura seria melhor do que fazê-lo com um acordo ruim. “É o que acredito, não teria dito se não acreditasse”, reiterou May no domingo pela manhã, dia 30 de abril, em uma entrevista na televisão. Horas antes os demais membros do bloco haviam endurecido suas posições ao aprovar, em uma reunião em Bruxelas, suas prioridades na negociação do Brexit.
A opção de concluir as negociações sem acordo no prazo de dois anos, que começou a correr em 29 de março passado, preocupa o mundo empresarial, que teme o prejuízo que representaria para a economia britânica passar de um dia para outro de mercado único às normas da Organização Mundial do Comércio. A dois dias do início oficial da campanha para as eleições antecipadas do próximo 8 de junho, May insistiu que confia em conseguir “um acordo que beneficie o Reino Unido” se as urnas lhe proporcionem uma sólida maioria parlamentar que reforce sua posição negociadora na Europa.
Os líderes dos outros 27 Estados membros, que realizaram uma insólita exibição de unidade no sábado em Bruxelas, deixaram claro que só negociarão a futura relação comercial com o Reino Unido uma vez que tenham se produzido “avanços suficientes” em uma série de temas prévios: a fatura econômica da separação, o futuro da fronteira na Irlanda do Norte e a garantia dos direitos dos cidadãos europeus residentes em solo britânico. Segundo publicou no domingo o jornal The Sunday Times, dois dias antes da reunião Theresa May pediu a Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia (braço executivo da UE), e a Michael Barnier, chefe negociador dos Vinte e sete, um “esboço detalhado” do futuro acordo comercial antes que o Reino Unido definisse não pagar nada à UE. Os diplomatas europeus citados pelo jornal reagiram dizendo que May parecia estar “em uma galáxia paralela”.
“Não estou em outra galáxia”, respondeu May durante sua entrevista à BBC. “No entanto, creio que esses comentários e outros que nos chegaram dos dirigentes europeus mostram que haverá momentos em que as negociações serão difíceis”, acrescentou, mostrando-se disposta a abandonar as conversas no momento em que as exigências de Bruxelas se tornarem inaceitáveis.
“É melhor não ter acordo do que ter um mau acordo, como disse outras tantas vezes”, declarou May no programa de Andrew Marr da rede pública britânica. “Me parece, no entanto, que há boa vontade de ambas as partes.”
May não quis esclarecer se aceita que, como disse no sábado à Comissão, o acordo financeiro da separação seja definido antes de começar a negociar o futuro acordo comercial bilateral. “Os líderes europeus têm muito claro que querem começar as negociações pelo dinheiro”, disse na ITV. “O que sei também é que, no fim dessas negociações, precisamos ter claro não só o acordo para a saída, mas também qual será nossa futura relação.”
Prestes a começar a campanha eleitoral que May propôs para tentar reforçar sua frágil maioria parlamentar aproveitando a crise dos trabalhistas, as últimas pesquisas continuam dando aos conservadores uma vitória cômoda. Mas indicam que a vantagem está diminuindo.
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