Porta-voz da Casa Branca gera polêmica ao afirmar que Hitler não usou armas químicas
Sean Spicer corrigiu declaração com rapidez, em nota, depois de ignorar a execução de milhões de judeus nas câmaras de gás
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, protagonizou nesta terça-feira a mais recente polêmica provocada pela equipe de Donald Trump em relação à comunidade judaica. Ao explicar o ataque norte-americano da semana passada contra uma base aérea síria, Spicer argumentou que Bashar al Assad é pior do que Adolf Hitler, já que este “não desceu tão baixo a ponto de usar armas químicas”.
A expressão dos rostos dos jornalistas presentes à sala de imprensa serviu como um presságio do rebuliço gerado por essas palavras do principal porta-voz da Administração Trump. Poucos minutos após o encerramento da entrevista, a Casa Branca divulgou uma nota na qual Spicer afirma que “não estava de modo algum tentando atenuar o horror do Holocausto”.
O porta-voz alega que sua intenção era fazer uma distinção entre a técnica usada pelo presidente sírio, que bombardeou a população civil com armas químicas, e a que foi utilizada por Hitler. “Qualquer ataque contra pessoas inocentes é criticável e imperdoável”, acrescentou. No entanto, seja na sala de imprensa, seja em sua nota posterior, Spicer não fez nenhuma alusão ao fato de que a Alemanha nazista executou milhões de judeus em câmaras de gás instaladas nos campos de concentração.
“Nós não usamos armas químicas na Segunda Guerra Mundial. Houve uma pessoa detestável, como Hitler, que não desceu tão baixo a ponto de usar armas químicas”. O porta-voz se referiu mais tarde à Rússia, dizendo que esse país deveria se interrogar se a Síria “é o tipo de país com o qual tem de se aliar”.
WATCH: Footage from our collection shows what US forces discovered when they liberated #Buchenwald. pic.twitter.com/jySQOWM6Lf
— US Holocaust Museum (@HolocaustMuseum) April 11, 2017
Quando um dos jornalistas lhe pediu depois que explicasse essas palavras, Spicer tentou esclarecer que Hitler “não usou o gás contra seu próprio povo da mesma maneira que Assad está fazendo” e que o líder alemão “os levou, porém, aos centros do holocausto”. As dúvidas sobre se Spicer se referia às câmaras de gás ou aos campos de concentração, sem usar seu nome de maneira específica, só pioraram o problema.
Antes do término da entrevista do porta-voz, algumas redes de televisão norte-americanas, como a MSNBC, corrigiam a declaração de Spicer. “Casa Branca: Hitler não desceu tão baixo a ponto de usar armas químicas como o líder sírio”, dizia uma das manchetes. “(Hitler gaseou milhões)”, acrescentaram em seguida.
O Centro Anne Frank emitiu um comunicado no qual seu diretor afirma que Spicer “carece da integridade para servir como secretário de Imprensa da Casa Branca e tem que ser demitido por Donald Trump imediatamente”. O Museu do Holocausto em Washington também enviou esta mensagem com um vídeo que mostra “o que descobriram as forças norte-americanas” ao liberar o campo de Buchenwald.
A equipe de comunicação do presidente já se envolveu em polêmicas similares em apenas 12 semanas de governo. A última ocorreu no Dia Internacional para a Memória do Holocausto, quando o comunicado da Casa Branca não incluiu uma referência literal à comunidade judaica. Trump também foi acusado de promover ideias e simbologia antissemita em várias mensagens durante a campanha eleitoral.
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