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Ataque destrói uma base aérea e deixa 16 mortos, segundo autoridades sírias

Israel respalda a “forte mensagem” que envia a ofensiva ordenada por Trump. Irã, aliado do regime sírio, expressa sua “firme condenação" a "ataques unilaterais”

Juan Carlos Sanz

O ataque-surpresa do Exército dos EUA contra a base aérea síria de Shayrat deixou 16 mortos, quatro deles crianças, segundo informou o governador de Homs, a província onde está situado o alvo do bombardeio. O governador, Talal Barazi, explicou que sete das vítimas são militares e nove civis. As crianças mortas, segundo Barazi, moravam em povos periféricos da base militar.  O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG que conta com informantes na região, afirmou que as instalações militares ficaram quase totalmente destruídas e que entre os militares falecidos há um general.

O chanceler da Síria, Walid Moalem, na quinta-feira em Damasco.
O chanceler da Síria, Walid Moalem, na quinta-feira em Damasco.Uncredited (AP)
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O governador de Homs disse que “a pista de pouso, os depósitos de combustível e os sistemas de defesa área [da base de Shairat] ficaram pulverizados”, segundo relato do Observatório. Barzai, porém, minimizou a importância dos estragos e anunciou que as instalações serão reconstruídas em breve. A base de Al Shairat é a segunda mais importante das Forças Aéreas sírias, depois da de Latakia, na costa mediterrânea, onde estão estacionados os caças russos que apoiam o regime do presidente Bashar al Assad.

Barzai declarou à televisão estatal síria que a intervenção norte-americana “contribui com os objetivos dos grupos terroristas armados [como o regime descreve as forças rebeldes] e com os interesses de Israel em longo prazo […], mas a política da Síria não mudará”. O canal árabe de televisão Al Mayadin, com sede em Beirute, informou, sem citar fontes, que os equipamentos sírios haviam sido transferidos para outra base antes do ataque.

A escalada militar norte-americana – com o objetivo de dissuadir novos ataques com armas químicas – ocorreu após um novo impasse no Conselho de Segurança da ONU quanto à criação de uma comissão de investigação sobre a matança com gás tóxico na província do Idlib. A Síria e a Rússia condicionaram sua aprovação a exigências que os países ocidentais consideraram excessivas.

A Coalizão Nacional Síria, que agrupa parte da oposição ao regime, comemorou a inédita represália norte-americana às atrocidades do regime, insistindo para que Washington e seus aliados destruam o resto das bases governamentais de Assad, a fim de “neutralizar sua capacidade aérea”.

As explosões dos mísseis Tomahawk ecoaram em todo Oriente Médio. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, manifestou durante a madrugada seu completo apoio à “forte e clara mensagem” enviada pelo ataque dos EUA na Síria. “Tanto em suas palavras como em suas ações, o presidente [Donald] Trump adverte que o uso de armas químicas não será tolerado”, disse Netanyahu em nota. “Israel espera que esta mensagem de determinação perante as horrendas ações do regime de Assad tenha eco não só em Damasco como também em Teerã, Pyongyang e em outras partes”.

O gabinete do premiê relatou que os EUA avisaram Israel com várias horas de antecedência sobre a operação militar contra instalações militares sírias. O Estado judaico pediu à Administração norte-americana que estabelecesse zonas de segurança desmilitarizadas na sua fronteira com a Síria, a fim de impedir que o Irã e seus aliados libaneses do Hezbollah pudessem se mobilizar, informa o jornal Haaretz.

Turquia e Arábia Saudita, os dois grandes países sunitas que apoiam as tropas insurgentes na Síria, respaldaram o ataque ordenado por Trump. Ancara solicitou também a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre o território sírio para proteger a população civil.

O Irã, que é ao lado da Rússia o principal sustento do regime de Assad, manifestou sua “firme condenação a este tipo de ataque unilateral”, segundo um porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores citado pela agência ISNA. “Estas medidas só servem para fortalecer os terroristas [os insurgentes] e para complicar a situação na Síria e na região”.

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