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Marcha pela acolhida de refugiados em Barcelona mobiliza a cidade

Manifestantes marcham pelo centro pedindo "basta de desculpas, vamos acolhe-los agora"

Manifestação a favor da acolhida dos refugiados
Manifestação a favor da acolhida dos refugiadosMassimiliano Minocri

O protesto a favor da acolhida aos refugiados começou nesta tarde no centro de Barcelona, com gritos de Volem acollir! (“Queremos acolher!”) e Cap persona no és il·legal! (“Nenhuma pessoa é ilegal!”). Milhares de manifestantes saíram da praça de Urquinaona com o lema Prou excuses. Acollim ara! (“Chega de desculpas, acolhamos agora!”) numa marcha que pretende ser o símbolo da campanha Casa mostra, casa vostra. A caminhada, cujo manifesto teve a adesão de mais de 70.000 pessoas, descerá pela Via Laietana, seguirá pela rua Doctor Aiguader, entrará no parque da Barceloneta e terminará no Passeio Marítimo. O encerramento do protesto será de frente para o mar, com a leitura do manifesto, e denunciará a morte dos refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo rumo à Europa. Neste momento, apesar do início da marcha, há uma multidão parada nas ruas vizinhas à praça de Urquinaona, e os vagões do metrô da linha amarela estão lotados.

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A marcha tem o apoio de mais de 200 entidades, incluindo associações de moradores, sindicatos e ONGs. O primeiro setor da multidão é seguido por outros dois com os lemas No més morts, obrim fronteres (“Não mais mortos, abramos fronteiras”) e Catalunya, terra d'acollida (“Catalunha, terra da acolhida”). Entre os políticos que participam, estão a prefeita de Barcelona, Ada Colau; a presidenta do Parlament, Carme Forcadell; e a conselheira da Presidência, Neus Munté. Colau, que se uniu à manifestação na Gran Via, exaltou que “Barcelona volte a ser” a “capital internacional da paz e dos direitos humanos”. Munté concordou que a Catalunha esteja “comprometida com os direitos humanos”. “Todos os Estados europeus devem tomar atitude para que todos os refugiados possam sair com mecanismos seguros e que possamos acolhê-los. Na Catalunha, estamos preparados para acolher”, disse.

A manifestação pede ao Governo central que “cumpra com os compromissos de acolhida” da Espanha e abra suas fronteiras aos refugiados de países em guerra. Concretamente, e segundo o compromisso adotado há um ano e meio pelos países membros, a Espanha deveria ter acolhido 17.000 pessoas, mas só aceitou 744 refugiados desde o início do programa. A marcha também conta com a participação de políticos como o dirigente do Partido Socialista da Catalunha (PSC), Miquel Iceta; o funcionário da Prefeitura de Barcelona Jaume Collboni (PSC); o deputado Gabriel Rufián (Esquerda Republicana da Catalunha, ERC); e os dirigente sindicais Joan Carles Gallego (Comissão de Operários da Catalunha, CCOO) e Camil Ros (União Geral de Trabalhadores, UGT). Iceta afirmou que se trata de uma “manifestação” cívica em que os cidadãos querem “fazer ouvir” sua voz “ante as instituições europeias e o Governo da Espanha”. “A crises dos refugiados não é inocente. Nós, ocidentais, a causamos em parte com nossa presença no Oriente Médio. Não podemos assistir de braços cruzados à morte de pessoas no Mediterrâneo”, denunciou Iceta.

A marcha, na Via Laietana
A marcha, na Via LaietanaÁlvaro Aranguren

As entidades independentistas também se juntaram ao protesto. O presidente da Òmnium Cultural, Jordi Cuixart, afirmou: “É uma dupla sensação de dignidade e vergonha. Dignidade porque, uma vez mais, o povo da Catalunha sai às ruas sabendo que essa luta é compartilhada. E vergonha porque a Espanha e a Europa fecham os olhos e as portas do continente. Queremos um Estado próprio, porque acreditamos que poderíamos ajudar melhor essas pessoas.”

A manifestação ocorre em clima festivo, com tambores e gritos a favor da acolhida dos refugiados. Kissima, de 23 anos, por exemplo, chegou em 2010 a Llagostera proveniente de Gâmbia para “conseguir sobreviver”, como diz. Fala catalão. Entende um pouco menos o espanhol. “É preciso pensar nos demais. Se não abrirem as portas, essas pessoas que só buscam um futuro melhor não poderão fazer nada. Nada”, afirma. Em meio à manifestação, Montse Pluvinet exige “menos palavras e mais ações”. Encontra semelhanças entre a crise dos refugiados sírios e a Guerra Civil Espanhola. “Como país que sofreu com tanta gente refugiada, exatamente por temos passado por isso, precisamos pedir maior contundência aos Governos. Após a Guerra Civil, o Governo francês tampouco esteve à altura. Foram os cidadãos que acolheram os refugiados espanhóis”, recorda.

Segundo os últimos dados da Comissão Europeia, divulgados no início do mês, os países membros só repartiram entre si 7% dos 160.00 requerentes de asilo que se comprometeram em acolher a partir da Grécia e da Itália, os países mais pressionados pela intensa chegada de refugiados que fogem da guerra da Síria e outros conflitos armados. Os 25 países com obrigação de aplicar as cotas comunitárias só aceitaram 11.966 pedidos de asilo. Na Catalunha, apenas um terço dos 1.250 locais de acolhida de refugiados estão ocupados.

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