_
_
_
_
_

Júri de Nova York condena acusado da morte do menino Etan Patz após 38 anos

Justiça considera Pedro Hernandez culpado pelo homicídio da criança de 6 anos, ocorrido em 1979

Etan Patz na capa de um jornal em 2012, em um memorial em NY.
Etan Patz na capa de um jornal em 2012, em um memorial em NY.Mark Lennihan (AP)

O pesadelo começou em 25 de maio de 1979. Etan Patz, um menino de cabelos loiros e cacheados, com 6 anos de idade, caminhava sozinho até um ponto de ônibus do hoje badalado bairro do Soho, em Manhattan (Nova York), quando desapareceu. Seu corpo nunca foi encontrado, mas nesta terça-feira, após quase 38 anos de espera, dois grandes julgamentos e nove dias de depoimentos, um tribunal local condenou Pedro Hernandez, ex-funcionário de um armazém, pelo sequestro e assassinato do menino, num passo fundamental e esperado para a resolução do misterioso caso.

O desaparecimento de Patz comoveu os Estados Unidos na época. Durante anos, investigadores procuraram provas de um crime que não deixou rastros. Houve suspeitos, mas as autoridades não encontraram provas conclusivas. As ruas se encheram de cartazes de “desaparecido” com a foto do menino, os jornais fizeram apelos a quem pudesse ter informações, e as caixas de leite pela primeira vez também difundiram o rosto da vítima desaparecida, como recorda o The New York Times. Milhares de pais viram em Etan Patz e sua família um reflexo da sua própria vida. Poderia ter sido com eles, com seus filhos, no seu bairro.

Pedro Hernandez, durante seu julgamento em NY.
Pedro Hernandez, durante seu julgamento em NY.Louis Lanzano (AP)

O primeiro avanço na investigação só viria a ocorrer em 2012, quando um cunhado de Hernandez relatou suas suspeitas às autoridades. Depois de detido, Hernandez confessou que convenceu o menino a entrar no armazém onde ele trabalhava, o asfixiou e guardou seu corpo numa caixa. Confrontado com fotos, Hernandez confirmou que se tratava de Patz.

Mas a falta de provas e de vestígios na suposta cena do crime, assim como o fato de o corpo continuar desaparecido, complicou o processo judicial. Em 2015, após quatro meses de julgamento, um tribunal rechaçou a culpabilidade do suspeito e considerou mais crível o argumento da defesa, que se baseou nos problemas mentais de Hernandez, que tem uma personalidade conturbada e inteligência limitada. Alegaram que esses problemas colocavam em dúvida a veracidade do seu próprio depoimento.

“Foi o homem. Ele mesmo disse. Quantas vezes um homem precisa confessar para que acreditem nele? Não é uma alucinação”, rebateu na ocasião Stanley Patz, o pai do menino desaparecido. Mas, diante da falta de provas, o júri de 12 pessoas foi incapaz de apontar por unanimidade Hernandez como autor do crime.

Etan Patz desapareceu em 1979, a caminho de um ponto de ônibus. Seu rosto se tornou símbolo das crianças desaparecidas nos EUA.
Etan Patz desapareceu em 1979, a caminho de um ponto de ônibus. Seu rosto se tornou símbolo das crianças desaparecidas nos EUA.

Os promotores reabriram o caso em outubro de 2016. Sem novas provas para apresentar, apostaram em aprofundar os detalhes que Hernandez havia oferecido durante sua confissão de 2012. O novo júri acabou convencido da culpa do réu.

Para Stanley Patz, presente nas audiências de cada julgamento, faz-se agora “um pouco de justiça para nosso maravilhoso filho Etan”. “Eu me sinto muito grato, finalmente alcançaram um veredicto que eu já sabia; que este homem é culpado de ter feito algo horrível há muitos anos”, declarou ele ao The New York Times.

Em 28 de fevereiro, Hernandez, de 56 anos, será sentenciado a uma pena que pode chegar a 25 anos de prisão. Para a cidade de Nova York, é o primeiro passo para encerrar um caso que durante anos traumatizou famílias nova-iorquinas e norte-americanas. “Acho que esta decisão poderá nos unir a todos e servir como cura”, disse o promotor do caso.

Stan Patz, pai do menino Etan Patz, durante o julgamento do assassino confesso de seu filho.
Stan Patz, pai do menino Etan Patz, durante o julgamento do assassino confesso de seu filho.Richard Drew (AP)

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_