_
_
_
_
_

Sarkozy será julgado por financiamento ilegal de campanha

O julgamento chega no momento em que os escândalos da família Fillon afundam a campanha de seu partido

Carlos Yárnoz
Nicolas Sarkozy em novembro passado.
Nicolas Sarkozy em novembro passado.ERIC FEFERBERG (AFP)

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, se sentará no banco dos réus. A decisão foi tomada nesta terça-feira pelo juiz encarregado do caso do suposto financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2012. O limite legal de gastos era de 22,5 milhões de euros, mas Sarkozy gastou pelo menos 42,8 milhões. Boa parte desses desembolsos foram ocultados por meio de um complexo esquema de emissão de notas falsas.

Outras 13 pessoas integram o processo como acusados, em sua maioria quadros de alta posição nos Republicanos, que em 2012 ainda se chamava União por um Movimento Popular (UMP). A decisão da Justiça se dá em plena campanha eleitoral e quando o líder e candidato do partido, François Fillon, tem sai imagem em baixa perante a opinião pública, atingido que foi pelo escândalo da remuneração parlamentar de sua mulher e dois de seus filhos.

Mais informações
Suspeita de corrupção ameaça candidatura do conservador Fillon para a presidência da França
Dissidente socialista derrota Valls e será o candidato da esquerda ao Governo francês
Fillon ganha as primárias e será o candidato da direita à presidência da França
Hollande anuncia que não será candidato à reeleição

A ida de Sarkozy a julgamento é um passo decisivo no chamado caso Bygmalion, nome da agência de publicidade e de organização de eventos que organizou várias atividades da campanha de 2012, em que a vitória ficou com François Hollande. A empresa foi criada por pessoas próximas a François Copé, então presidente do partido, que também irá a julgamento.

Para ocultar o excesso de gastos na campanha, a Bygmalion e a UMPO trocaram notas fiscais falsas que somam 18 milhões de euros. Entre os réus e indiciados do caso estão também o tesoureiro da campanha e deputado Philippe Briand e o diretor da campanha, Guillaume Lambert.

As práticas irregulares foram adotas apesar das advertências lançadas por outros responsáveis pela tesouraria, que denunciaram a troca de favores com a Bygmalion. O escândalo veio a público em 2014. Sarkozy foi interrogado em fevereiro de 2015 e denunciado em setembro daquele ano. Os últimos recursos apresentados pelo ex-presidente foram rechaçados em dezembro.

Sarkozy é denunciado também em um outro caso, por suposto tráfico de influência em favor de um juiz que lhe passava informações sobre os seis processos em que ele é investigado.

Esse novo golpe para o ex-presidente ocorre dois meses depois de ele ter sido derrotado como possível candidato de seu partido à presidência do país. Nessas mesmas eleições primárias foi eliminado François Copé, com quem mantém péssimas relações.

Sarkozy pode ser condenado a um ano de prisão. Seu antecessor no Eliseu, Jacquer Chirac, também foi condenado, em 2011, a dois anos de prisão por desvio de fundos públicos quando era prefeito de Paris. Nesse mesma caso, foi condenado também Allain Jupé, braço direito de Chirac na prefeitura. Juppé também se apresentou como candidato nas primárias dos Republicanos no ano passado, ficando atrás de Fillon.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_