Dow Jones alcança 20.000 pontos pela primeira vez na história
Índice de referência de Wall Street teve alta de 9% desde as eleições presidenciais dos Estados Unidos
O Dow Jones, o índice mais acompanhado no mercado de ações de Wall Street, alcançou 20.000 pontos pela primeira vez desde sua criação há 120 anos, tão logo se iniciaram as operações nesta quarta-feira. O indicador nova-iorquino, que havia um mês tentava superar a marca histórica, já se apreciou 9% desde a divulgação do resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro, quando Donald Trump venceu. O impulso definitivo chegou com a publicação dos resultados trimestrais por parte das grandes corporações. O S&P 500 e o Nasdaq também se movimentam em níveis recordes graças aos papéis dos setores financeiro, energético e industrial.
Em 6 de janeiro o índice seletivo norte-americano esteve a ponto de superar os 20.000 pontos. Ficou a menos de quatro décimos da marca. A partir desse momento, os investidores começaram a levar as coisas com mais calma, à espera de que as grandes empresas publicassem seus balanços. E esse foi o estímulo que fez com que nesta quarta-feira, assim que começaram as operações, superasse a marca histórica. Subiu mais de 100 pontos na abertura, e bastavam 88 para o recorde.
O índice do mercado de ações mais conhecido do mundo nasceu em 26 de maio de 1896, e na época se baseava nos dados das duas empresas que o compunham. Atualmente indica a evolução de 30 grandes multinacionais norte-americanas, entre as quais a Apple, Microsoft, Wal-Mart, Coca Cola e Disney. Levou 76 anos para superar os 1.000 pontos, o que aconteceu em novembro de 1972. Durante essas décadas, seus movimentos eram relativamente estáveis.
Pouco a pouco as coisas mudaram e, 11 anos depois, em 1987, superou os 2.000 pontos. Então começou a ganhar velocidade. Com o crash de 1987 perdeu parte do terreno conquistado (a chamada segunda-feira negra), mas em 1999, menos de uma década depois, já superava os 10.000 pontos. Em maio de 2013 ultrapassou o marco dos 15.000 pontos e em 2017 já ultrapassava a barreira dos 20.000 redondos.
A alta nos últimos 12 meses foi importante. Em fevereiro de 2016 registrou o mínimo deste período: 15.451 pontos. Depois disso o aumento foi de 30%.
O Dow Jones já havia chegado perto do nível psicológico dos 20.000 há cinco semanas, quando ficou a menos de 25 pontos no fechamento das operações, em 20 de dezembro. Poucos dias depois, em 6 de janeiro, quase conseguiu. Até chegar esta quarta-feira. A única coisa que poderia ter detido a escalada seria uma mudança repentina de percepção. Tudo se fundamenta na esperança de que Donald Trump levará adiante as suas propostas econômicas. Os dados sustentam o otimismo pós-eleitoral.
O Dow Jones fechou acima dos 19.000 pontos em 22 de novembro. Bastaram, portanto, somente 42 dias, o segundo incremento mais rápido de 1.000 pontos na história do pregão. Mas estes números redondos, na realidade, são uma amostra da tendência em que se fixam os operadores do pregão. O que está para se ver agora é quanto tempo poderá se manter nesse nível. O Dow Jones cruzou pela primeira vez os 10.000 pontos quando se formava a bolha tecnológica. Mas levou uma década para voltar a alcançar esse nível e sentar as bases para começar a crescer.
O último salto, na realidade, se apoia nos papéis mais beneficiados pelo entusiasmo surgido com a vitória de Trump em 8 de novembro. Esta semana ele prometeu incentivos às empresas, com um corte “maciço” de impostos e em “regulamentação”. O Dow Jones ganhou 1.600 pontos em praticamente dez semanas. A Goldman Sachs contribuiu com uma quinta parte da escalada, em uma rotatividade de carteiras que foi seguida pela seguradora UnitedHealth, Caterpillar, IBM, 3M e Chevron.
Os pontos vulneráveis
Os mais críticos desses indicadores lembram, porém, que o Dow Jones representa uma proporção muito pequena dos milhares de empresas cotados em bolsa. Além disso, ao contrário do S&P e do Nasdaq, os outros índices representativos de Wall Street, o cálculo que adota faz com que as companhias com o preço mais alto tenham uma influência maior. A Goldman teve apreciação de 45% desde setembro.
Se forem adotados como referência os 10.000 pontos de outubro de 2009, o componente do índice que mais se apreciou foi a UnitedHealth, com um aumento de 520%. Seguem-se Home Depot, com alta de 450%, Visa, de 340%, e Apple, de 345%. Os mais tímidos são IBM, ExxonMobil, Cisco e Goldman Sachs, com um retorno inferior a 30% A At&T, Alcoa, HP e Kraft saíram do índice.
Os analistas mais cautelosos consideram, precisamente, que é preciso de um esforço mais amplo para que o Dow Jones possa sustentar essa escalada após superar a marca dos 20.000 pontos. Para isso Donald Trump terá de demonstrar, por um lado, que pode cumprir suas promessas como presidente e, por outro, que o Federal Reserve não se vê forçado a acelerar o processo de elevação das taxas de juros.
Mas os investidores podem, com estes índices, se sentir tentados a colher os lucros, à espera de que as promessas de Trump se transformem em ações. A alta se estancou em dezembro e nas últimas semanas os investidores já demonstraram dúvidas, ao ponto de o Dow Jones perder na quinta-feira o nível dos 19.700 pontos, pelo temor das ameaças protecionistas.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.