E Trump ganhou: o cenário otimista e o pessimista para 2017
Jornalista discute as perspectivas do Governo do novo presidente dos EUA, que começa em 20 de janeiro

POLÍTICA EXTERNA
Cenário otimista: Trump mantém os compromissos com os aliados europeus e asiáticos, escuta seus conselheiros mais moderados e evita cair em provocações ou embarcar em aventuras bélicas. Mantém a política multilateral de seu antecessor, se apoia na ONU e, graças ao talento negociador que se atribui, consegue uma cooperação construtiva com a Rússia e a China, sem ceder nos interesses dos EUA e seus aliados.
Cenário pessimista: Imprevisível e errático, desconcerta aliados e rivais com mensagens improvisadas nas redes sociais e declarações bombásticas. O recolhimento dos EUA deixa um espaço vazio. China e Rússia põem à prova o presidente norte-americano com ações pontuais para ganhar terreno no Mar do Sul da China e no Leste Europeu. A reação exagerada de Trump leva às primeiras escaramuças entre grandes potências desde a Segunda Guerra Mundial.
TERRORISMO
Cenário otimista: Tem a sorte de que nenhum atentado atinja os EUA durante seu mandato. Os avanços aliados no Iraque e Síria conseguem debilitar o Estado Islâmico até deixá-lo à beira do desaparecimento. A cooperação no território sírio com a Rússia contribui para esta vitória e abre caminho a um acordo para substituir Bashar al Assad no comando da Síria. Em 2021, no início de seu segundo mandato e no vigésimo aniversário do 11 de Setembro, Trump festeja a derrota final dos grupos jihadistas.
Cenário pessimista: o Estado Islâmico aproveita os primeiros passos da Administração Trump para lançar um ataque terrorista. Trump reage de modo exagerado, com ações policiais contra os muçulmanos e deportações para Guantánamo. Reinstaura a tortura e lança uma ofensiva terrestre no Iraque e Síria, envolvendo o deslocamento de centenas de milhares de soldados e marines. Os EUA chafurdam novamente no Oriente Médio, como 15 anos antes, enquanto os ataques terroristas se repetem nos EUA e Europa.
LIBERDADES
Cenário otimista: O magnata deixa de lado as ameaças proferidas durante a campanha eleitoral e se torna um presidente que respeita a Constituição. Limitado pelo sistema de contrapoderes, assume que a autoridade do presidente dos EUA é pequena e para governar precisa cooperar com o Congresso. Respeita os meios de comunicação críticos e desautoriza seus seguidores que propagam notícias falsas e teorias conspiratórias.
Cenário pessimista: Aproveita as margens legais para impor sua vontade sem levar em conta o Congresso e, em outras ocasiões, obtém o apoio do Congresso para ampliar seus poderes e limitar direitos básicos, como a liberdade de expressão, consagrada na Segunda Emenda da Constituição. Adota represálias contra os meios de comunicação críticos e, graças a uma reforma constitucional, consegue proibir a queima da bandeira e prender os autores do delito.